(Foto: Chico Batata/Divulgação | Marcos Corrêa/PR)
Eleitora de Bolsonaro diz que votar nele
foi "um ato de puro impulso", "um ato insano". Becky S.
Korich, advogada e dramaturga confessa que cometeu um crime ao votar no
candidato da extrema direita, hoje presidente da República
2 de abril de 2021
Em artigo na Folha de S.Paulo, a advogada e dramaturga Becky S. Korich
faz um mea culpa por ter votado em Jair Bolsonaro na eleição presidencial de
2018. "Aconteceu em outubro de
2018. Vai ver que mudando, as coisas melhoram, pensei. Constrangimento. Vontade
de mudar de assunto. Todavia, me apoio na minha dignidade para ter a coragem de
prosseguir com a assunção do meu erro, talvez assim eu durma melhor esta
noite", escreve.
A autora reconstitui o que chama de "cena do crime": "Olhei para os dois lados, dei um
dane-se e apertei. Primeiro o 1, depois o 7, formando o terrível 17. Em
seguida, o tiro derradeiro: a tecla verde de confirma. Pronto, estava consumado
o ato político mais estúpido que eu poderia ter cometido na vida. Saí da sala
de votação a passos rápidos, olhando para baixo para não esbarrar com nenhum
conhecido. Nem desconhecido eu tinha coragem de encarar".
"Enquanto formalizo a presente confissão, meus batimentos cardíacos
se apressam. É vergonha com raiva, com arrependimento, com sentimento de culpa.
Raiva de mim, muita raiva dele".
"Raiva dele, muita raiva de mim. Respiro fundo para conseguir
continuar. Peço-lhes apenas que não me julguem. Leio jornais, sou mulher
direita, mãe de família e não estava sob efeito de drogas no fatídico outubro
de 2018. E é justamente isso que agrava a minha culpa".
"Sou hoje coautora de crimes dolosos, por ter sido autora de um
crime culposo em 2018. Carrego essa mácula. Perdoem-me, porque eu ainda não
consegui me perdoar".
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