(Foto: Reuters)
Antes de oficializar a contratação na
consultoria Alvarez & Marsal, Sérgio Moro telefonou para a defesa de
Benjamin Steinmetz, ex-sócio da Vale em um projeto, e fez parecer positivo. A
A&M é administradora judicial da BSGR, empresa do israelense que firmou
joint venture com a Vale. Com base no parecer, o empresário foi ao MP-RJ contra
a mineradora brasileira
1 de abril de 2021
Três semanas antes de oficializar sua contratação no fim de novembro
passado como sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal (EUA),
administradora da recuperação judicial da Odebrecht, o ex-juiz Sérgio Moro
telefonou para advogados que representam no Brasil o bilionário israelense
Benjamin Steinmetz, ex-sócio da Vale no projeto da mina de Simandou, na Guiné,
e fez um parecer positivo.
De acordo com informações do jornal Valor Econômico, em setembro do ano
passado, a Alvarez & Marsal passou a ser administradora judicial da BSGR,
empresa de Steinmetz que firmou joint venture com a Vale em 2010 para explorar
minério de ferro na África. O projeto foi malsucedido.
Com base no parecer de Moro, o empresário israelense apresentou, no fim
do ano passado, uma notícia-crime ao Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro (MP-RJ), para investigar possíveis violações da Vale, seus
administradores e executivos sobre suposta omissão de informações ao mercado de
capitais.
Moro foi contratado para atuar na área de Disputas e Investigações da
Alvarez & Marsal, dois meses depois de a A&M ter sido designada para
atuar na recuperação da BSGR.
Segundo o advogado Mauro Menezes, ex-presidente da Comissão de Ética
Pública da Presidência da República, "temos uma situação de conflito, já
que a Vale é credora da BSGR na recuperação judicial de Guernsey".
"Como a A&M presta serviços à Vale, existe um interesse poderoso de
uma das clientes da consultoria em relação à recuperação de créditos de uma
empresa que está sob a sua administração. O conflito é da A&M", disse.
"O Moro se insere nesta história em uma situação delicada. Já que
se pronunciou, por meio de parecer, em conflito que envolve a Vale e a BSGR. As
duas são clientes da Alvarez & Marsal, consultoria da qual Moro acabou por
se tornar sócio-diretor", acrescentou.
Steinmetz está envolvido em disputa de US$ 2,5 bilhões com a Vale S.A,
que é consequência da dissolução de uma parceria firmada em 2010 pela
mineradora com a BSG Resources (BSGR), de Steinmetz. Com o fracasso do projeto,
em 2014, a parceria se converteu em litígio que se desdobrou por tribunais
mundo afora.
Ao Judiciário de Guernsey, a BSGR requereu a recuperação judicial porque
a Balda Foundation, proprietária integral da BSGR, tem sede no paraíso fiscal
localizado no Canal da Mancha. O empresário israelense optou pela recuperação
judicial depois que a Vale propôs e venceu, em setembro de 2019, uma arbitragem
contra ele na Corte Internacional de Arbitragem de Londres.
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