(Foto: Reprodução)
"A gente tem um pitaqueiro-mor neste
negócio, que tem contribuído para que haja muita morte em nosso país",
disse Aziz
26 de maio de 2021
Por Ricardo Brito (Reuters) - O presidente da CPI da Covid do Senado,
Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta terça-feira que o colegiado não tem
capacidade para dizer o que é certo ou não em termos de medicação contra
Covid-19, mas aproveitou a oportunidade para, numa referência indireta ao
presidente Jair Bolsonaro, dizer que há um "pitaqueiro-mor" que
contribui para "muita morte" no Brasil.
"Nós, no Senado, não temos capacidade de definir o que é bom e o
que não é. Quem pode fazer isso são os profissionais da área, são cientistas,
são estudiosos. Nós somos pitaqueiros e a gente tem um pitaqueiro-mor neste
negócio, que tem contribuído para que haja muita morte em nosso país",
disse Aziz, em entrevista coletiva.
Bolsonaro é um entusiasta enfático do uso da cloroquina e de outras
medicações sem eficácia comprovado no tratamento de Covid-19. Ele chegou a
chamar de "canalhas" quem se diz contra o uso sem apresentar
alternativas terapêuticas.
Para o senador, o governo perde muito tempo e ainda perde em busca de remédios
e tratamento precoce ou inicial, mas o que se espera é que ocorra a vacinação
das pessoas.
A comissão tomou o depoimento nesta terça-feira de Mayra Pinheiro,
secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde
que fez defesa do uso da cloroquina como arsenal contra doença.
O país já ultrapassou a marca de 450 mil mortes por Covid-19 na pandemia
e, apesar da redução recente do número de casos e mortes em relação ao pico, a
contaminação e os óbitos continuam em patamares elevados.
Mais cedo, durante a sessão, Aziz já tiver uma entrevero com Bolsonaro.
O senador criticou o presidente por ter usado suas redes sociais para divulgar
um projeto de lei apresentado por ele que já foi retirado, e disse ao
presidente que aproveitasse seu tempo para buscar mais vacinas em vez de
atacá-lo.
"Presidente, não perca seu tempo ou de quem quer que seja nas suas
redes sociais de postar esse projeto, que já foi retirado bem antes do senhor
postar esse texto aí. Perca o seu tempo ligando para lideranças políticas
internacionais para comprar vacinas, perca o seu tempo em salvar vidas, coloque
em seu Twitter algo como 'faça isolamento social, se cuidem, porque essa doença
mata", disse Aziz, logo depois de ser informado da publicação.
Durante depoimento da secretária Mayra Pinheiro, que vinha sendo
criticada por Aziz, Bolsonaro postou em sua conta no Twitter cópia do projeto
com cabeçalho do gabinete do senador e escreveu: "Médicos podem ser
punidos com até três anos de detenção caso receitem qualquer remédio sem
comprovação científica para aquela doença. Deixe seu comentário".
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