(Foto:
Jefferson Rudy/Ag. Senado)
Num discurso de alto impacto, sem qualquer adjetivo, na abertura
de seu depoimento à CPI da Covid, o diretor do Butantan demonstrou cabalmente
como Bolsonaro boicotou a vacinação no país, que poderia ter começado a vacinar
em dezembro e poderia ter ao final de 2020 mais de 60 milhões de doses
produzidas
27 de maio de
2021
O diretor do
Instituto Butantan Dimas Covas demonstrou em seu discurso de abertura na CPI da
Covid, no Senado, na manhã desta quinta-feira (27), como o governo Bolsonaro
boicotou a vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Ele informou que a primeira
oferta de vacinas foi feita ao governo federal em julho passado e que em
dezembro a vacinação poderia ter se iniciado.
Ele relatou
que em 20 de outubro, o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello
afirmou que a Coronavac seria “a vacina no Brasil” e, no dia seguinte,
Bolsonaro em manifestação pública garantiu que ela “não seria comprada”.
Covas informou
que a oferta de julho havia sido de 60 milhões de doses para entrega no último
trimestre de 2020 e que também pediu ajuda
para habilitar uma fábrica, que produziria vacinas em 2021. Disse que não recebeu respostas para nenhuma das ofertas.
Segundo Covas,
no início de dezembro, o Butantan tinha mais de 5,5 milhões de doses da
Coronavac prontas para iniciar a vacinação e estava processando mais 4 milhões,
enquanto o mundo tinha vacinado apenas 4 milhões de pessoas ao fim de dezembro.
A primeira a ser vacinada no Brasil, em São Paulo, foi a enfermeira Mônica
Calazans, apenas em 17 de janeiro, quando o mundo começou em 8 de dezembro. “O
Brasil poderia ter sido o primeiro a vacinar se não fossem os percalços que
tivemos que enfrentar do ponto de vista do contrato [com o governo Bolsonaro]
como do ponto de vista regulatório [com a Anvisa]”, disse o diretor do
Butantan.
Covas
qualificou de “inusitado” o fato de a Coronavac não ter sido incorporada no
Programa Nacional de Imunização desde o início, o que levou Butantan a custear
com todas as despesas no processo de
importação e fabricação da vacina. Ele disse ainda que “foi frustrante” Bolsonaro negar a compra da
vacina pelo governo federal, o que sempre havia acontecido na história do país.
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