(Foto: Reproudução)
"Depois de jurar cinicamente aos
senadores na quarta que defende o distanciamento social e o uso de máscaras,
Pazuello desfilou ao lado de Bolsonaro no Rio três dias depois, aglomerando e
sem máscara, tratando os membros da CPI como idiotas", escreve o
jornalista Mauro Lopes
23 de maio de 2021
Mauro Lopes é jornalista, editor do Brasil 247 e apresentador do Giro
das 11 na TV 247. Fundador do canal Paz e Bem, de espiritualidade aberta e
plural.
...
O Exército brasileiro tem apreço pelos genocidas. Fez do até agora maior
deles, Caxias, seu patrono. Caxias matou brasileiros, 10 mil na Balaiada, mais
de mil no massacre de Porongo, e mais de 300 mil homens, mulheres e crianças na
Chacina do Paraguai, chamada de “Guerra” pela historiografia oficial militar
-levando 100 mil brasileiros pobres, em sua maioria negros, igualmente à morte.
Quando imaginava-se que os feitos do general Luís Alves de Lima e Silva, o
duque de Caxias, seriam insuperáveis, eis que surge a figura do general Eduardo
Pazuello a ombreá-lo como co-autor do genocídio contemporâneo, ao lado de
Bolsonaro.
Pazuello assumiu o Ministério da Saúde em 15 de maio de 2020, quando o
país tinha 14.817 mortos notificados pela Covid. Deixou a pasta 10 meses depois
e um rastro de 280 mil mortes -os números são bem maiores, mas esta é a
numerologia macabra oficial. É patente que na conta de Pazuello e Bolsonaro
devem ser incluídos todos os mais de 170 mil mortos que vieram depois da gestão
pazuellina -num total, até este domingo, de mais de 450 mil mortes (estima-se
que devido à subnotificação, pode ter morrido mais de 600 mil pessoas em razão
da pandemia).
Sim, pois como o demonstrou a professora Deisy Ventura, da Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de uma série de
estudos ao lado da Conectas Direitos Humanos sobre a existência de uma
estratégia institucional de propagação do coronavírus adotada pelo governo do
presidente Bolsonaro e que teve em Eduardo Pazuello seu principal sócio. O
estudo enumerou 3.049 normas federais produzidas em 2020 que identificam sem
margem a dúvidas “a estratégia intencional do governo Bolsonaro” (nas palavras
de Ventura) e propagação do vírus. Assista aqui à entrevista da jurista à TV
247 em 25 de janeiro de 2021 onde ela apresenta o estudo.
Responsável maior pela chacina ao lado de Bolsonaro, Pazuello foi à CPI
na última quarta-feira (19), voltando no dia seguinte. Seu desempenho oscilou
entre a truculência, uma torrente de mentiras e o cinismo.
Qualquer testemunha que tivesse comportamento similar ao de Pazuello no
confronto com os senadores teria saído preso da sessão -de fato, não há
registro de algo semelhante na história das comissões parlamentares de
inquérito.
Pazuello não saiu preso porque é general e, apesar de trajar terno,
todos o viram sentado no banquinho da CPI com a farda de um general do Exército
brasileiro.
Só por isso saiu incólume aos seguidos atos de truculência e desrespeito
aos senadores: disse que as perguntas do relator eram “simplórias”; em
determinado momento, com ar de irritação, afirmou "Eu já respondi isso n
vezes" e, logo depois, em outro assunto, desafiou: "Isso já foi
respondido centenas de vezes". Numa pergunta sobre as vacinas da Pfizer,
ousou: "Não, até porque não houve decisão de não responder a Pfizer, digo
isso pela quinta vez". Se fosse civil, teria saído para a prisão.
Mas a truculência não foi a pior agressão do general. Ele mentiu vezes
sem conta, como os serviços de checagem das diferentes mídias o comprovaram. O
cinismo, entretanto, foi o cume de seu comportamento.
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