Por Fernando Brito | 21 de Julho de 2021
Provavelmente não terá consequência prática a ameaça do vice-presidência
da Câmara, Marcelo Ramos, de colocar em votação pedidos de impeachment de Jair
Bolsonaro.
Ele pode até pautar a votação, numa ausência circunstancial de Arthur
Lira, mas este voltará e “despautará”, colhendo mais alguns créditos (inclusive
orçamentários) junto a Bolsonaro.
Mas o que acontece com Ramos não se limita a ele: é cada vez maior o
número de parlamentares e lideranças políticas que de “aderentes”, em maior ou
menor grau, foram transformados em inimigos.
Rodrigo Maia, claro, foi o maior exemplo, mas Ramos também o ajudou,
como presidente da Comissão da Reforma da Previdência.
Se você quiser aumentar a lista, tem um lote: Alessandro Vieira, Omar
Aziz, Simone Tebet, sem falar nos governadores eleitos na maré bolsonarista:
Witzel, Doria, Eduardo Leite…
Jair Bolsonaro vive disso, da criação de inimigos que, em geral, destrói
mas que, no processo, também danifica sua base de sustentação.
Dar apoio a Bolsonaro na Câmara ou no Senado não é a mesma coisa que
grudar-se a ele nas eleições que virão em outubro do ano que vem.
Até porque os votos – em número muito menor que em 2018 – Bolsonaro
arrastará serão destinados, essencialmente, ao seu grupo de fanáticos e não aos
candidatos do PP, PTB, Republicanos, Podemos e outras legendas que se
associaram mais fortemente a ele.
Portanto, carregar Bolsonaro em suas chapas não trará grande lucro
eleitoral a candidatos a deputados de MDB, DEM e a alguns grupos do “Centrão”.
A verbas para obras municipais, a esta altura, já estará lá, não precisa de
“sacrifícios” extras.
Bolsonaro, que não tem partido e não parece muito preocupado em ter –
saiu do PSL, abandonou a criação do Aliança 38, deixou desandarem os acertos
para sua entrada no Patriotas – elegeu 10% do Congresso – 53 deputados – com
46% dos votos no primeiro turno. Com os 23% que lhe dão as pesquisas faria o
quê? 23 ou 24, apenas os mais fanáticos e icônicos bolsonaristas. O baixo-clero
não cabe nesta cota.
Não parece provável a hipótese que Bolsonaro arraste votos na próxima
eleição na mesma proporção que os carregou em 2018.
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