(Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer)
Operação Lava Jato tentou comprar o sistema
de espionagem israelense Pegasus visando criar um sistema clandestino de
investigação. Em maio deste ano, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ)
também tentou comprar o software para espionar opositores
26 de julho de 2021
A Operação Lava Jato tentou comprar o sofisticado sistema de espionagem
israelense Pegasus visando criar um sistema clandestino de investigação. De
acordo com reportagem do jornalista Jamil Chade, no UOL, a defesa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá protocolar nesta segunda-feira (26)
uma petição junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) revelando como os
procuradores da força-tarefa teriam tentado adquirir o software. Em maio deste
ano, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) tentou comprar o software
vendido pela empresa NSO Group para espionar opositores. O negócio, porém, foi
cancelado após a imprensa denunciar o caso.
"A Operação Lava Jato teve
contato com diversas armas de espionagem cibernética, incluindo o aludido
dispositivo Pegasus", destaca a ação assinada pelos advogados Valeska
Teixeira Martins e Cristiano Martins. A perícia foi feita em mensagens de chats
trocados pelos integrantes da Lava Jato que foram apreendidas no âmbito da
operação Spoofing. Segundo a petição, os diálogos revelam que "a Operação
Lava Jato teve contato com diversas armas de espionagem cibernética, incluindo
o aludido dispositivo Pegasus".
Em 31 de janeiro de 2018, uma mensagem faz alusão a “uma reunião entre
os membros da ‘Lava Jato’ do Rio de Janeiro, de Curitiba e representantes de
uma empresa israelense que vendia uma ‘solução tecnológica’ que invade
celulares em tempo real”, ressalta a reportagem. Posteriormente o sistema foi
identificado como sendo o Pegasus.
Numa conversa no chat do grupo de procuradores em 31 de janeiro de 2018,
é citada uma reunião entre os membros da "Lava Jato" do Rio de
Janeiro, de Curitiba e representantes de uma empresa israelense que vendia uma
"solução tecnológica" que "invade celulares em tempo real
(permite ver a localização etc)". Essa tecnologia, segundo os advogados,
mais tarde seria identificada como sendo o Pegasus.
"Pessoal, a FT-RJ (Força Tarefa do Rio de Janeiro) se reuniu hj com
uma outra empresa de Israel, com solução tecnológica super avançada para
investigações. A solução 'invade' celulares em tempo real (permite ver a
localização,etc.). Eles disseram q ficaram impressionados com a solução, coisa
de outro mundo”, escreveu o procurador Júlio Carlos Motta Noronha no chat. Na
conversa, os integrantes da força-tarefa também teriam citado um outro programa
de espionagem: o Cellebrite.
A ideia, segundo a petição, era montar uma espécie de bunker no gabinete
do procurador da República e coordenador da operação Deltan Dallagnol. A
criação do bunker já era discutida desde 2017 e envolvia a compra de softwares
de espionagem cibernética, além de outros sistemas que permitiriam viabilizar a
criação de um "big data" no gabinete de Dallagnol.
Em 27 de novembro daquele ano, o procurador Roberson Pozzobon disse que
tinha tido “uma nova ideia: porque não criarmos um BUNKER de investigação no
gabinete do Deltan no 14o Andar. Esse BUNKER seria um espaço estruturado com 8
computadores, sendo 4 computadores para servidores que ficarão dedicados
exclusivamente às demandas do BUNKER e 4 computadores a serem ocupados,
alternadamente (de dois em dois dias) por duplas de procuradores e seus respectivos
assessores".
"No futuro poderíamos
estruturar esse BUNKER com equipamentos melhores compra de storages, celebrite,
etc.). e eventualmente mais servidores (RFB, PRF, etc.). Os servidores que
ficarão dedicados exclusivamente ao BUNKER, ao trabalharem com diferentes
grupos e diferentes casos, ganharão gradativamente knowhow das diferentes
técnicas de investigação e também conhecimento dos diferentes casos e de suas
eventuais zonas de interseção", escreveu ele em outro post.
Ainda conforme a defesa do ex-presidente, as conversas entre os
integrantes da operação revelam que o bunker seria criado com recursos obtidos
por meio de valores oriundos de acordos de delação premiada, simulando
"perda de equipamentos”.
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