Dominguetti
e Bolsonaro (Foto: Pedro França /Agência Senado | Isac Nóbrega/PR)
Para o jornalista Moisés Mendes, "a CPI caiu numa armação,
que pode ter sido providenciada às pressas, para reverter os estragos da
denúncia de propina. Dominghetti levou o cavalo, a boiada e a cachorrada de
Tróia para dentro da CPI. Vem aí a grande batalha dos milicianos da
vacina"
1 de julho de
2021
Moisés Mendes
é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor
especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
...
Em julho de
2018, Eduardo Bolsonaro apresentou ao país, num blefe, um cabo imaginário que,
com um soldado, e sem precisar de um jipe, poderia fechar o Supremo.
Temos hoje um
personagem improvável. Paulo Dominguetti Pereira, o representante da Davati
Medical, é cabo da Polícia Militar de Minas.
Temos um cabo
real, sem jipe, saído não se sabe de onde, com uma denúncia de propina, que
parecia contribuir para a queda de Bolsonaro e que na CPI atira agora na
direção dos irmãos Miranda, acusados por ele, com o uso de um áudio com a voz
do deputado Luís Miranda, de serem atravessadores de vacina.
Dominghetti é
o cabo que pode dar certo. O sujeito está claramente a serviço de Bolsonaro,
para desqualificar a denúncia dos irmãos Miranda sobre a Covaxin e provocar uma
grande confusão na CPI. E chegamos à guerra de facções das máfias da vacina.
A tática pode
ser esta. O cabo atira nos pedintes de propina, atinge todos os que estiverem
por perto, mas livra Bolsonaro.
Bolsonaro
transfere culpas para os indicados por Ricardo Barros, fere alguns coronéis de
Pazuello, mas sai livre. E ainda desmonta a reputação dos irmãos Miranda.
Claro que todo
o Congresso sabe que o deputado Luís Miranda não é santo. É um delator, e não
há santos entre delatores.
Mas agora o
cabo tenta comprometer o irmão do deputado, o servidor Luis Ricardo Miranda,
nos rolos das compras de vacina.
O cabo mineiro
atraiu até Flavio Bolsonaro para a sala da CPI. A tropa de choque da extrema
direita está alvoraçada.
Alguém
acreditava que um cabo da PM poderia conspirar contra Bolsonaro?
O governo pode
estar começando a reagir, jogando parte da carga ao mar. Já são suficientes as
evidências de que o cabo está prestando serviços ao governo, e não mais à
Davati, se é que um dia prestou.
A CPI caiu
numa armação, que pode ter sido providenciada às pressas, para reverter os
estragos da denúncia de propina.
Dominghetti
levou o cavalo, a boiada e a cachorrada de Tróia para dentro da CPI. Vem aí a
grande batalha dos milicianos da vacina.
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