Julia Mello Lotufo, Adriano da Nóbrega e Marielle Franco
(Foto: Reprodução | Mídia NINJA)
16 de julho de 2021
Na negociação para a delação premiada de Julia Mello Lotufo com o MP-RJ,
a viúva do miliciano Adriano da Nóbrega revelou quem foi o mandante da execução
de Marielle Franco, detalhou a participação do ex-marido em uma dezena de
homicídios encomendados e listou agentes públicos que receberam propina para
acobertar crimes
Finalmente os mandantes do assassinato de Marielle Franco poderão ter
seus nomes revelados. Na negociação para a delação premiada de Julia Mello
Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, que foi chefe da milícia Escritório do
Crime, ela revelou quem foi o mandante da execução da ex-vereadora do Psol e
seu motorista Anderson Gomes, detalhou a participação do ex-marido em uma
dezena de homicídios encomendados e listou agentes públicos que receberam
propina para acobertar crimes. Segundo a viúva, o assassinato da ex-parlamentar
foi realizado pela milícia que atua na comunidade Gardênia Azul. Um dos chefes
da milícia é o ex-vereador Cristiano Girão (ex-PMN). Não se sabe ainda quem ela
indicou aos promotores como o mandante do crime. Adriano da Nóbrega e Julia Lotufo
foram funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro quando o atual senador
ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio.
Segundo o jornalista Daniel Pereira, em reportagem na revista Veja,
"de acordo com o relato de Julia, integrantes da milícia que atua na
comunidade Gardênia Azul procuraram o ex-capitão para discutir a possibilidade
de ele preparar um plano para assassinar Marielle. Ao fazer a sondagem,
alegaram que a atuação da vereadora estaria colocando em risco os negócios da
milícia não só em Gardênia Azul, mas em Rio das Pedras. Segundo a viúva contou
às promotoras, Adriano teria considerado a ideia absurda e arriscada demais,
especialmente por envolver uma parlamentar. Tempos depois, ele foi surpreendido
com a notícia do crime".
"Ao cobrar satisfações de comparsas de Rio das Pedras, teria ouvido
que a ordem partiu do alto-comando da Gardênia Azul. Nenhuma das fontes
consultadas pela reportagem quis informar o nome da pessoa que, conforme o
relato de Julia, ordenou a execução de Marielle e Anderson. Um dos chefes da
milícia de Gardênia Azul é o ex-vereador Cristiano Girão", destaca a
reportagem.
"Em setembro do ano passado, a Polícia Civil e o MP realizaram
busca e apreensão em endereços de Girão e de pessoas ligadas ao PM reformado
Ronnie Lessa, preso por participar do assassinato de Marielle. Os dois são
suspeitos de envolvimento na morte de um casal em 2014, num crime com
'características muito peculiares e que se assemelham muito com o que vitimou a
vereadora Marielle Franco e seu motorista' segundo o delegado Antônio Ricardo
Nunes, na época chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à
Pessoa", continua.
Em regime de prisão domiciliar, Julia foi obrigada a usar tornozeleira
eletrônica. Ela propôs a colaboração premiada para conseguir a revogação das
medidas restritivas determinadas pela Justiça. O MP ainda não respondeu se
aceita a delação.
Marielle era ativista de direitos humanos e vivia denunciando a
violência cometida por policiais nas favelas, bem como a atuação de milícias.
Os atiradores perseguiram o carro dela por cerca de três, quatro quilômetros, e
efetuaram os disparos em um lugar sem câmeras na região central do Rio.
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