(Foto: ABr | Reprodução | Jornalistas Livres)
"No âmbito dos nossos Estados, tudo
faremos para ajudar a preservar a dignidade e a integridade do Poder
Judiciário", diz a nota assinada por governadores de 13 estados e do
Distrito Federal. Texto reflete o isolamento de Jair Bolsonaro
16 de agosto de 2021
Governadores de 13 estados e do Distrito Federal assinaram um documento
em solidariedade ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros em reação
às ameaças à Corte feitas por Jair
Bolsonaro. De acordo com o texto, "o Estado Democrático de Direito só
existe com Judiciário independente, livre para decidir de acordo com a
Constituição e com as leis".
"No âmbito dos nossos Estados, tudo faremos para ajudar a preservar
a dignidade e a integridade do Poder Judiciário. Renovamos o chamamento à
serenidade e à paz que a nossa Nação tanto necessita", complementaram. O
teor do texto foi publicado pela coluna Painel.
Assinam o documento os governadores do DF, de Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, São Paulo,
Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Amapá.
Alvo de mais de cem pedidos de impeachment, Jair Bolsonaro anunciou que
irá ao Senado entregar pedidos de impeachment dos ministros do STF Alexandre de
Moraes e Luís Roberto Barroso. A iniciativa foi uma resposta à determinação de
Moraes para a prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, acusado
de participação em um esquema de milícias digitais.
Bolsonaro tem colocado em dúvida a confiabilidade das urnas eletrônicas
e criticado o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como uma demonstração
de que não aceitará uma derrota em 2022. A possibilidade de um golpe vem
acontecendo em contexto de alta da rejeição dele e liderança isolada do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pesquisas eleitorais.
O presidente do STF, Luiz Fux, criticou no dia 5 de agosto as ofensas de
Bolsonaro. "Nos últimos dias, o presidente da República tem reiterado
ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os
ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Sendo certo que, quando
se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro", disse o
magistrado em pronunciamento.
No dia 6 deste mês, Bolsonaro chamou Barroso de "filho da
puta" e, no dia 9 de julho, disse que o ministro é "imbecil" e
"idiota".
No dia 5 de agosto, Bolsonaro ameaçou Moraes ao dizer que "a hora
dele vai chegar". O motivo foi a decisão do ministro pela inclusão de
Bolsonaro no inquérito fake news por causa dos ataques sem provas à
confiabilidade das urnas eletrônicas.
Em 9 de agosto, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou
fotos de um encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A
postagem foi feita poucos dias após o conselheiro de Segurança Nacional dos
EUA, Jake Sullivan, criticar as ameaças de golpe de Bolsonaro e acusações de
fraudes em eleições no Brasil. Em 2020, Trump fez alegações parecidas e
insuflou apoiadores a invadirem o Congresso por não aceitar a derrota para Joe
Biden.
Isolado, Bolsonaro seguiu na semana passada com a tentativa de
demonstrar força política. Na última terça-feira (10), tanques desfilaram com
blindados na Esplanada dos Ministérios, no Palácio do Planalto e ao lado do
Congresso. Mas o desfile não teve o sucesso esperado por ele. Ao todo, 93% dos
posts acerca do evento foram negativos, de acordo com a Quaest Pesquisa.
A mesma instituição divulgou um levantamento, no dia 4 deste mês,
apontando que a desaprovação do governo Bolsonaro é de 56% e 66% reprovam o
comportamento dele.
No dia 30 de junho foi protocolado na Câmara um superpedido de
afastamento de Bolsonaro. O objetivo das lideranças e entidades que assinaram o
superpedido é unificar os argumentos dos mais de 120 pedidos de impeachment que
haviam sido apresentados na Casa. Foram apontadas no documento mais de 20
acusações contra ele. Uma delas foi o estímulo a um golpe no país, com o
fechamento do Congresso Nacional e do STF.
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