29 de Agosto
de 2021
Um alemão ou
francês que visse a campanha publicitária feita pelo governo Bolsonaro dizendo
que a privatização vai deixar os Correios ainda melhores certamente ficaria
envergonhado.
É uma forma de
indiretamente desvalorizar a estatal, num momento em que a capacidade de
entregar encomendas se torna lucrativa e estratégica, com a explosão planetária
do e-commerce.
A mídia,
obviamente, apoia qualquer coisa que seja “privatização”.
Um recente
texto do G1, da Globo, registrou: “A privatização dos Correios é uma das
prioridades do Ministério da Economia. A estatal acumulou prejuízo de R$ 3,943
bilhões entre 2013 e 2016, mas desde 2017 vem registrando resultados positivos
nos balanços anuais”.
Pouca vergonha
jornalística!
O G1 registrou
detalhadamente os prejuízos entre 2013 e 2016, mas não falou dos resultados
positivos de 2017, 2018, 2019 e 2020. No ano passado, o lucro foi de R$ 1,5
bilhão. Este ano, 2021, deve ser ainda maior.
Se sobrasse um
pouco de vergonha ao G1, ele faria o balanço completo, pois os lucros mais
recentes dos Correios estão ligados, obviamente, à multiplicação das vendas
pela internet, ao e-commerce.
Os Correios
terão lucro explosivo nos próximos anos.
O preço das encomendas
enviadas pela estatal brasileira equivale a 2/3 do preço do concorrente mais
próximo.
Por que?
Os Correios
brasileiros são a única empresa que cobre 5.570 municípios do país.
Em 5.246 deles
a operação é deficitária, o que é mais do que compensado pelo lucro nos outros
324 municípios.
Afinal,
segundo a Constituição de 1988, os Correios são um serviço público, não
destinado ao lucro.
Enquanto o
Brasil demole esta instituição, essencial para facilitar o comércio e,
portanto, bombar a economia, a França e a Alemanha investem para tornar os seus
próprios Correios empresas multinacionais.
São empresas
estatais, ambas com cerca de meio milhão de funcionários. Que oferecem serviços
financeiros e de transporte internacional de encomendas.
No Brasil a
estatal francesa responde pelo nome de Jadlog.
E a estatal
alemã é a DHL, Danzas e afiliadas.
Em outras
palavras, alemães e franceses descobriram que podem faturar os tubos
transferindo compras do e-commerce entre continentes.
Mas, no
Brasil, o governo Bolsonaro quer entregar a galinha dos ovos de ouro para uma
empresa privada.
Que, ao
extinguir a agência, por exemplo, de São João do Piauí, vai tornar mais caras
as encomendas para a progressista cidade do interior do Piauí.
Vai trabalhar
contra o comércio. E contra as pessoas que compram pela internet. Como diria o
saudoso Paulo Henrique Amorim, viva o Brazil!
A privatização
dos Correios já passou pelos 300 picaretas da Câmara. Agora, é preciso desejar
que reste alguma sanidade ao Senado.
Caso
contrário, DHL, Jadlog e a norte-americana Federal Express poderão deitar e
rolar com tarifas mais altas.
Muito embora
nosso entrevistado, Marcos César Alves Silva, vice-presidente da Associação dos
Profissionais dos Correios, diga que empresas como as lojas Marisa, a Ali Baba
e a Amazon — grandes usuários dos Correios — não estejam interessados na
privatização.
Todos eles
poderiam montar suas próprias transportadoras e sistemas de entrega.
Mas, usam os
Correios.
O que mais os
preocupa estas empresas, apresentadas pelo governo como candidatas à
privatização, é que os Correios caiam na mão de um concorrente — a
norte-americana Amazon, por exemplo — o que em tese poderia atrasar as entregas
de todas as demais empresas do varejo.
Um verdadeiro
desastre!
Só num governo
capacho e desastroso como o de Jair Bolsonaro a pretensão é de entregar uma
empresa lucrativa que pode bagunçar a livre disputa entre as grandes empresas
varejistas!
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