15 de setembro
de 2021
Com todos os
acenos e até humilhações, Jair Bolsonaro parece não ter conseguido qualquer
reversão no mau-humor do Supremo e do Senado.
Só a Câmara,
sob o comando de Arthur Lira, faz-lhe gestos de agrado mas, como se sabe, o
Centrão é tão confiável quanto o presidente, que diz (ou grita) e logo se desdiz.
A devolução da
MP das Fake News, um monstrengo que confunde liberdade de expressão com
liberdade de disseminar mentiras e boatos, é a cota do Senado, que vai se
ampliar nas decisões sobre impostos e na provável rejeição da PEC dos
Precatórios, que já não terá vida fácil na câmara baixa.
O Supremo, que
com liminar de Rosa Weber também suspendeu a MP, deve derrubar o decreto
armamentista baixado por Bolsonaro e mantém, pendurada sobre a cabeça do clã, o
julgamento sobre o foro privilegiado de Flávio e a participação de Carlos
Bolsonaro na indústria de difamação bolsonarista pelas redes.
A um ano e
quatro meses do final de seu mandato, vai se tornando o que os americanos
chamam de lame duck (pato manco, em tradução literal), um presidente com poucos
poderes, que perdeu o mando e o apoio.
Mas ele,
infelizmente, não é assim, porque não se conformará com o fim inglório de seu
período.
A pressão
sobre ele não deve cessar e, mesmo com poucas esperanças que, nos dois meses de
funcionamento do Legislativo que temos até o final do ano, possa ser iniciado
um processo de impeachment, é preciso constranger a maioria parlamentar que o
impede de que, da mesma forma, mais poderes não lhe devem ser concedidos.
Bolsonaro
perdeu a chance de intimidar com as duas forças que poderia ter: uma adesão das
Forças Armadas a seu golpe e a ousadia de suas falanges.
Ele está
juntando os seu cacos e tentando mostrar ser o conciliador que jamais foi. E
até as pedras da estradas sabem que isso é falso e apenas tática.
Pretender
apoiar qualquer coisa que faça, alegando estar se cuidando do interesse
público, é fazer seu jogo.
Para que seja,
mesmo, um pato manco, é preciso que perca o apoio onde é mais frágil, na
situação econômica do país.
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