José Eduardo Cardozo e Jair Bolsonaro (Foto: Agência
Câmara | PR)
Ex-ministro da Justiça do governo Dilma
afirmou que a nota de recuo de Jair Bolsonaro gera um forte senso de descrença
em sua base de apoio. O problema inviabiliza de vez o governo, avaliou. “Aliás,
não sei se o governo começou. Começou nas trapalhadas, não nas medidas, porque
ele não fez absolutamente nada”. Assista
10 de setembro de 2021
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, em entrevista à TV 247,
avaliou que o recuo de Jair Bolsonaro, que publicou uma carta escusando-se das
ameaças golpistas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), representa uma
derrota “brutal” para o chefe de governo. Cardozo lembrou que Bolsonaro se vê
ainda mais isolado após a carta e, inclusive, hostilizado por sua base de
apoio.
Mesmo antes da nota, a “greve” dos caminhoneiros, um dia depois dos atos
golpistas de 7 de setembro, já havia fracassado, com a mobilização sendo algo
mais próximo de um “locaute”, observou o advogado. Sem a adesão maciça da
população e sem a aceitação do Estado e do mercado, o isolamento de Bolsonaro
somente se intensificou, acrescentou.
“Acredito que as sequelas desse gesto na sua base serão brutais. As
pessoas que saíram de casa, que foram aos atos e o defenderam, dizendo que iam
tirar os 11 ministros do Supremo, diante de um pedido de desculpas, porque é
esta a sua manifestação, perdem o mito de referência. Veem um covarde, um fraco
e isto é desastroso na perspectiva do diálogo que ele tem com a sua base.
Bolsonaro sai desta situação num isolamento infinitamente maior do que aquilo
que ele estava”, disse.
Bolsonaro se encontra em um impasse que inviabiliza seu governo, avaliou
Cardozo. O chefe de governo pode voltar a investir no discurso agressivo, mas
não será fácil fazê-lo diante de uma base já desacreditada. “Isso provoca o
jogo de dominó. Ou seja, ele pode querer voltar à radicalização, não sabemos
disso. Só que um retorno à radicalização para ele, agora, também não será
tranquilo, porque ele já está desacreditado perante a sua própria base.
Evidentemente, esse seu gesto gera um impulso de todas as forças democráticas
ainda mais contundente em relação ao seu comportamento. Sinceramente, acredito
que esse governo acabou. Aliás, não sei se ele começou. Começou nas
trapalhadas, não nas medidas, porque ele não fez absolutamente nada. Mas agora
acho que ele acaba politicamente”, completou.
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