(Foto: ABr | Divulgação)
Jair Bolsonaro mandou o ministro Queiroga
suspender as vacinas após ouvir comentário da ex-jogadora de vôlei Ana Paula
18 de setembro de 2021
A decisão de Jair Bolsonaro de mandar o governo suspender a vacinação de
adolescentes após um comentário da ex-jogadora de vôlei Ana Paula, de
extrema-direita, na rádio Jovem Pan, também de extrema-direita, será contestada
pelos governadores. Abaixo, reportagem da Reuters:
BRASÍLIA (Reuters) - Os governos estaduais esperam que o Ministério da
Saúde reveja a nota técnica que suspendeu a vacinação no país de adolescentes
entre 12 e 17 anos sem comorbidades, ou o caminho da discussão deve ser a
Justiça, para que seja garantido o repasse de vacinas por parte do governo
federal.
"Ao longo dos dois próximos dias, caso não seja revista essa
posição do ministério, Estados e municípios devem judicializar a questão para
garantir o aporte das doses necessárias para que seja completada a vacinação.
As razões de interesse público são explícitas e estão postas", disse à
Reuters Nésio Fernandes, vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (Conass) e secretário do Espírito Santo.
A expectativa é que haja uma mudança de posição depois da reunião desta
sexta da Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 (CTAI), formada por
representantes dos Estados, municípios, do próprio ministério e por
especialistas na área.
"O que esperamos é que a Estados decidiram manter a vacinação de
adolescentes, ao menos até completar o cronograma previsto --caso do Distrito
Federal, que pretende continuar com a faixa etária até 14 anos, mas não
avançar. Algumas capitais, no entanto, como é o caso de Florianópolis,
suspenderam, mesmo que o Estado tenha mantido.
A decisão de suspender a vacinação foi tomada pelo ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, na quarta-feira, sem consulta aos Estados e municípios, aos
técnicos do próprio ministério ou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), responsável por liberar o uso dos imunizantes no Brasil e por
investigar possíveis efeitos adversos.
A Nota Técnica, divulgada na manhã de quinta-feira, foi repassada aos
secretários por mensagem às 22h de quarta-feira, e causou espanto e confusão
nos Estados, já que a maioria avança rapidamente para vacinar todos os
adolescentes até 12 anos. Mais do que suspender a recomendação, Queiroga, em
entrevista na quinta, disse que os adolescentes não deviam receber nem mesmo a
segunda dose da vacina, caso já tivessem recebido a primeira.
Em meio a reclamações de que os Estados aceleraram a vacinação e não
respeitaram o Programa Nacional de Imunizações, o ministro levantou suspeitas
sobre supostos riscos de aplicação das vacinas e chegou a dizer que a
Organização Mundial de Saúde não recomenda a vacinação de adolescentes --na
verdade, a OMS apenas diz que essa faixa etária não é prioritária, mas pode ser
vacinada quando a imunização dos adultos estiver adiantada.
Queiroga citou ainda o caso de uma adolescente de 16 anos que teria
morrido em São Bernardo do Campo na mesma época em que tomou a primeira dose da
vacina da Pfizer, mas ele mesmo admitiu que não há evidências, no momento, de
que a morte tenha sido causada pela vacina.
Em nota, a Anvisa informou que investiga o caso mas os dados ainda são
preliminares para que se faça qualquer relação. Além disso, a agência reafirmou
que não há evidências que justifiquem uma mudança na autorização para vacinação
de jovens nessa faixa etária.
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