(Foto: Alan Santos/PR)
"Como sempre, recitou mentiras, disparates, delírios e reafirmou
sua cosmovisão fascista e reacionária", analisa Jeferson Miola
21 de setembro de 2021
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto
Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
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Jair Bolsonaro discursa na abertura do Debate Geral da 76a Sessão da
Assembleia Geral das Nações Unidas
No discurso na ONU Bolsonaro foi Bolsonaro. Aliás, foi transparentemente
Bolsonaro.
Como sempre, recitou mentiras, disparates, delírios e reafirmou sua
cosmovisão fascista e reacionária. Bolsonaro se postou como se estivesse
conversando com apoiadores no chiqueirinho do Alvorada.
No conteúdo do discurso, ele simplesmente ignorou a enorme audiência
planetária que costuma acompanhar o principal evento anual das Nações Unidas –
que, decerto, ficou assombrada com as barbaridades que ouviu.
Bolsonaro não se referiu aos temas centrais da agenda internacional da
atualidade, apenas desfilou questões doutrinárias e ideológicas que conformam o
ideário da extrema-direita: “família tradicional”, anticomunismo,
fundamentalismo religioso, negacionismo e ataques à democracia.
O público-alvo do seu discurso foi a escória de extrema-direita – a
nacional e a internacional – abduzida por valores anti-civilizatórios e
regressivos.
A vergonha e a repulsa ficam por conta das pessoas que possuem o mínimo
senso do ridículo. Estes sentimentos, contudo, não sensibilizam a matilha bolsonarista,
para quem as estupidezes do líder/fuhrer ecoam como música.
Há muito de metódico e/ou deliberado nos atos burlescos do Bolsonaro. A
cena dele com a comitiva de bárbaros comendo pizza na rua porque impedidos de
ingressar em restaurantes sem estarem vacinados, valeu muitos pontos na
popularidade dele junto ao eleitorado cativo. A falsa simplicidade e o
simulacro de humildade fazem parte de uma eficiente estratégia comunicativa.
Enquanto o senso comum considera Bolsonaro um pária, seus adoradores
entram em êxtase com o “mito” heróico que move moinhos contra toda a engrenagem
do “sistema opressor”. Um genuíno “anti-sistema”, na visão deles.
Nada em Bolsonaro surpreende. Quando se imagina que já alcançou o fundo
do poço, ele surge com uma pá em punhos para cavar ainda mais fundo o buraco do
precipício. Com ele, sempre pode piorar.
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