7 de outubro de 2021
O ministro da
Economia, Paulo Guedes, terá de entrar no “caldeirão” na próxima semana. O
Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, por 310 votos favoráveis e 142
contrários, requerimento de convocação de Guedes para prestar esclarecimentos
sobre a revelação de que ele é sócio de uma empresa no exterior com patrimônio
de 9,55 milhões de dólares (cerca de R$ 52 milhões). Os 513 deputados ainda não
definiram a data, porém.
As informações
sobre a offshore de Guedes foram obtidas pelo projeto Pandora Papers, do
Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), dentre os quais o
site Metrópoles, parceiro do Blog do Esmael. O vazamento também apontou uma
empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto.
Duas comissões
da Câmara já haviam aprovado a convocação de Guedes: do Trabalho, Administração
e Serviço Público; e de Fiscalização Financeira e Controle.
Para o líder
da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), “o Parlamento brasileiro tem o
direito e o dever de cobrar explicações do ministro da Economia”. “Nós queremos
saber por que ele mantém os recursos pessoais em moeda estrangeira, em dólar,
enquanto a economia do País afunda”, disse.
Para a
deputada Caroline de Toni (PSL-SC), o ministro não deveria ser convocado,
porque os recursos foram declarados à Receita, são recursos privados e contas
que não foram movimentadas. “Esse requerimento nada mais é do que um factoide,
já que a grande mídia já explorou bastante a questão do vírus chinês no Brasil
e agora quer explorar uma situação que não tem nada a ver”, declarou.
O deputado
Júlio Delgado (PSB-MG) relacionou duas ações diretas de Paulo Guedes com
offshores: o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a defesa de
proposta com tributação mais vantajosa na reforma do Imposto de Renda. “Ele fez
o aumento do IOF como ministro da Economia, mas ele não vai pagar. E ainda não
quer prestar satisfação ao Parlamento”, afirmou.
Líder do
governo, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) voltou a falar que Paulo Guedes se
dispôs a prestar esclarecimentos voluntariamente na próxima quarta-feira (13).
“Há aqui um desejo de marcar posição politicamente na sua convocação. O nosso
desejo, enquanto governo, é deixar esse assunto resolvido porque temos muitos
temas importantes para votar”, disse Barros.
O deputado Kim
Kataguiri (DEM-SP) apontou “hipocrisia” de Paulo Guedes ao retirar as offshores
da tributação do Imposto de Renda. “Ele deve explicações à população brasileira
sobre por que ele só joga tributação nas nossas costas, mas para ele é paraíso
fiscal se beneficiando da desvalorização cambial”, cobrou.
Já o deputado
Coronel Tadeu (PSL-SP) disse que a convocação virou “palanque”. “Não há nada,
absolutamente nada de ilegal”, afirmou. O deputado também afirmou que Guedes
está à disposição do Parlamento e que o dinheiro aplicado nas contas do
exterior são fruto do trabalho do ministro da Economia.
O líder do PT
na Câmara, Bohn Gass (PT-RS), afirmou que Paulo Guedes é ilegal, é imoral e
engorda. “Ilegal porque viola o Código de Conduta da Alta Administração. É
imoral porque é ele quem controla a política econômica do país, o que tem
influência direta no câmbio. E tudo isso engorda o bolso dele.”
Segundo o
líder petista, o plenário exige que o ministro da Economia dê explicações sobre
a fortuna que ele mantém no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.
“Guedes paga zero de imposto sobre esse dinheiro”, disse.
Adeus, querido
Paulo Guedes.
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