(Foto: Reuters)
Depois de estourar o teto de gastos, Jair
Bolsonaro critica investidores e reforça sua aposta no caos econômico e na
destruição do País
22 de outubro de 2021
Jair Bolsonaro decidiu ignorar as pressões da Faria Lima. "Ao
comentar sobre a proposta de oferecer o pagamento de R$ 400 a cerca de 750 mil
caminhoneiros para compensar a alta do preço dos combustíveis, Bolsonaro disse
que o mercado fica 'nervosinho' e afirmou que deverá ocorrer novo reajuste do
preço dos combustíveis", aponta reportagem do jornalista Dimitrius Dantas,
no Globo.
"Nos últimos dias, o mercado reagiu com pessimismo à direção adotada
pelo governo, que decidiu alterar as regras do teto de gasto para custear um
benefício de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil, programa social que
irá suceder o Bolsa Família a partir de novembro", aponta ainda o
jornalista. Saiba mais:
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta
quinta-feira que o governo irá cumprir o teto de gastos no pagamento do novo
Bolsa Família porque não quer desequilibrar as finanças, e manifestou o desejo
que as reformas econômicas continuem caminhando no Congresso Nacional.
Na tradicional transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais,
Bolsonaro argumentou que a decisão de conceder benefício a famílias de baixa de
renda de, no mínimo, 400 reais, respeitará o teto, em um dia marcado por tensão
no mercado financeiro por temores com a responsabilidade fiscal.
"Nós temos um teto de gastos... e nós, por que buscamos cumprir o
teto de gastos? Porque não queremos desequilíbrio nas finanças do Brasil.
Havendo desequilíbrio, a inflação explode, todo mundo perde com isso",
disse o presidente na live.
Ao afirmar que há espaço orçamentário para a concessão do Auxílio
Brasil, que terá um adicional temporário para chegar aos 400 reais, Bolsonaro
comemorou a aprovação do texto-base da PEC dos Precatórios em comissão especial
da Câmara e parabenizou o Congresso por dar "o primeiro passo".
O parecer da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi adaptado para
abrir um espaço fiscal de mais de 80 bilhões de reais em 2022.
A solução para cumprir os 400 prometidos pelo presidente para o Auxílio
Brasil partiu da ala política do governo, deixou para trás o ministro da
Economia, Paulo Guedes, e um teto de gastos fragilizados.
Gestada no Palácio do Planalto pelo ministro da Casa Civil, Ciro
Nogueira, a proposta nem mesmo passou pelos cálculos da equipe econômica. Fontes
da área econômica ouvidas pela Reuters afirmaram que nem mesmo os números
usados pelo relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta
(Republicanos-PB), foram analisados no Ministério da Economia.
Diante da situação, e da péssima repercussão no mercado, o secretário
especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro
Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos, marcando uma
debandada do primeiro escalão do Tesouro em meio à sinalização do governo de
que iria desrespeitar a regra do teto de gastos.
Os secretários vinham defendendo publicamente que a estruturação do novo
programa de transferência de renda deveria ficar dentro do teto.
"Tem secretário, como acontece às vezes de ter um ministro, tem
secretário que quer fazer valer a sua vontade. Então o ministro deu uma
decisão: 'Vamos gastar dentro do teto, porque as reformas continuam'. A gente
espera que a reforma administrativa continue, a tributária continue, como foi
feita a Previdência no passado, como foi feita aquela da CLT no governo Temer,
continuem", afirmou Bolsonaro, sem citar nomes ou dar detalhes.
A confirmação de que o governo planeja driblar o teto de gastos para
financiar seu programa de auxílio social ditou uma piora generalizada das
perspectivas econômicas do país e levou o principal índice de ações brasileiras
a fechar nesta quinta-feira na mínima desde novembro.
Ao mencionar a reação do mercado financeiro ao longo do dia, o
presidente disse que o mercado ficou "nervosinho".
"Se vocês explodirem a economia do Brasil, pessoal do mercado,
vocês serão prejudicados também", afirmou.
Bolsonaro rebateu, ainda, críticas ao fato de boa parte dos 400 reais de
auxílio ter duração limitada, até dezembro de 2022 -- ano da eleição
presidencial.
"Aí falam que é eleitoreiro. Seja o que for, eleições é o ano que
vem", disse.
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