(Foto: Divulgação)
Cardiologista Bruno Caramelli, que iniciou
ação contra o Conselho Federal de Medicina por autorizar uso da
hidroxicloroquina, relata que há pressão de pacientes para tomar medicamentos
9 de outubro de 2021
O médico cardiologista Bruno Caramelli, autor de representação contra o
Conselho Federal de Medicina (CFM) por liberar o uso de medicamentos sem
eficácia contra a Covid-19, brinca que, em suas conversas com pacientes que
pedem o chamado kit Covid com base em argumentos de Alexandre Garcia, demitido
recentemente da CNN justamente por defender o falso ‘tratamento precoce’,
sugere que peçam conselhos então ao jornalista negacionista.
Em entrevista na TV 247 na noite deste sábado (9), o professor da USP
comenta que muitas pessoas são enganadas pelas fake news sobre o tema, e acabam
acreditando na eficácia desses medicamentos. Ele tenta explicar por que a
classe médica também adrere ao discurso. “Por que os médicos estão acreditando
nisso? Eu vou colocar algumas razões: primeiro medo de morrer e de perder seus
entes queridos, por estarem pressionados; vantagem econômica; e a terceira e
última razão, infelizmente, é que, se a instituição está me pressionando, ou se
o paciente está me forçando, quem sou eu? Vai que eu não dou o kit precoce e o
cara morre”.
Ao comentar o segundo tópico, da vantagem financeira, acrescentou: “Não
foi só o Alexandre Garcia que ganhou dinheiro com a Covid contando fake news.
Não. Aliás, eu tenho que discutir com alguns pacientes meus que vêm conversar
sobre kit precoce. ‘Mas o Alexandre Garcia falou que tinha que dar esse
remédio’. Eu falo ‘é, mas eu não concordo’. 'Então, mas o senhor pode dar uma
olhada nos meus exames?’. Eu falo: ‘então o senhor fale com o doutor Alexandre
Garcia, porque o senhor deve confiar mais nele’”.
A infectologista Ceuci Nunes, membra da Associação Brasileira de Médicas
e Médicos pela Democracia na Bahia, que também participou do programa,
acrescentou à fala de Caramelli mais um motivo para a classe médica aderir ao
discurso negacionista: “eu acho que é questão ideológica também”. “Porque existe
médico, bem formado, que até então acreditava na ciência, e por ideologia e
apoio ao governo Bolsonaro, adotam essa posição. Isso eu também não tenho
nenhuma dúvida. Que uma parte desses médicos é por ideologia”, afirmou.
‘Autonomia médica’
Bruno Caramelli explicou ainda que há uma distorção do uso da expressão
“autonomia médica” pelo Conselho Federal de Medicina para autorizar médicos a
receitarem a hidroxicloroquina. É um “discurso invertido, para enganar”, criado
pela entidade para “autorizar e referendar o erro médico e prejudicar o
paciente”, disse.
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