Michel Gherman e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Isac
Nóbrega/PR)
Pesquisador apontou para as ligações do
nazismo com o bolsonarismo em entrevista à TV 247. De acordo com ele, ambas
ideologias invertem valores e atacam valores civilizatórios, mas as verdadeiras
causas do ódio são mais profundas
22 de outubro de 2021
O historiador Michel Gherman, diretor acadêmico do Instituto Brasil-Israel
e coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), analisou, em entrevista à TV 247, as ligações entre o nazismo e
o bolsonarismo. Para ele, o negacionismo de Jair Bolsonaro não é uma questão de
mera opinião, e sim exibe um verdadeiro desejo por “matar”.
“O nazismo desconstrói os laços de civilidade e permite, em algum
sentido, o que as relações civilizadas impediam -- que eu exercite o meu ódio
contra a pessoa que seja considerada meu inimigo”, explicou o pesquisador.
Segundo Gherman, o nazismo, assim como o bolsonarismo, inverte valores e
muda a “linguagem da política”. Bolsonaro é responsável por iniciar esse
processo nos últimos anos:
“Ser civilizado, na perspectiva
do nazismo, é matar e dizer que odeia, o que cria uma nova gramática política.
Foi isso que o Bolsonaro fez. Não sei se as pessoas estavam esperando que isso
fosse possível, mas com as pessoas acionando a sua racionalidade irracional, a
ideia de que eu posso odiar sem pensar se é bom ou ruim, elas saíram do
armário”.
Contudo, Gherman apontou para causas mais profundas do fenômeno. De
acordo com ele, a ideia de que a “economia” deve ser priorizada coloca em
segundo plano o respeito pelos direitos e liberdades fundamentais.
“O discurso do Eduardo Leite talvez nos aponte a resposta para essa
pergunta. Ele continua mantendo a prioridade de uma suposta economia e dizendo
que não sabia que isso seria possível”, ponderou ele. No debate das prévias do
PSDB, o tucano disse que o caos bolsonarista era imprevisível.
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