Por Fernando Brito | 24 de outubro de 2021
‘Teto é tudo”, o título do
maçante e pretensioso artigo de Michel Temer na Folha, talvez seja a única
expressão, no seu texto, útil ao entendimento da inviabilidade das políticas
neoliberais num país com o que o Brasil tem, para o bem e para o mal, em crise
e em potencial.
A explicação paupérrima de que ” ninguém pode gastar mais do que aquilo
que recebe”, um primarismo que, aplicado à economia, significaria negar
investimento, crédito e todas as ferramentas do desenvolvimento econômico e
social que tiraram a humanidade da idade da pedra.
Qualquer dono de padaria sabe que se gasta para poder receber.
E é aí que esta tradução temerária do programa econômico dos liberais
brasileiros desmorona, como está desmoronando.
Desmontar, vender, destruir, alienar não gasta e permite receber “n
ahora”. Mas, como os camponeses da galinha dos ovos de ouro, significa esgotar
ou anular a capacidade de receber no médio e no longo prazos.
Não podendo negar “a preocupação de que os vulneráveis (pobres, em
português), acentuada sua pobreza (traduzindo, miséria), possam rebelar-se e,
em consequência, praticar atos que desagreguem a nação brasileira”, Temer
sugere que se poderia gastar sem “furar o teto”, porque haveria mecanismos para
isso.
Importa pouco, porque a despesa seria, da mesma forma, maior que os
recebimentos.
A questão essencial fica de lado: sermos um país sem projetos e
prioridades, que se dedica apenas a administrar o caos, como se fosse possivel
apenas com a tal “gestão” sobreviver num quadro de contínuo empobrecimento do
país.
E como a famosa história do “cavalo do inglês”, na qual o pobre animal
morre quando estava “pertinho de aprender a viver sem comer”.
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