15 de novembro de 2021 | Por Fernando Brito
Desta vez, porém, não deverá ter os dissabores com manifestações de
protesto: os brasileiros “dubaianos” são ricos e, não fossem, o regime dos
emires e sheiks dos Emirados Árabes, do Catar e do Bahrein, por onde passará o
presidente brasileiro, e de ditaduras onde protestos não são admitidos, se
quisermos ficar numa definição suave.
Não faltará companhia a Bolsonaro, pois há, há muitos dias, áulicos de
toda a espécie, mandados para lá a pretexto de uma exposição internacional.
Não que o Brasil não deva dedicar atenção ao mundo árabe. O próprio Lula
esteve lá, na função que gostava de definir como de “mascate” de produtos
brasileiros. Mas foi uma passagem de menos de um dia, para impulsionar a venda
de imagens de satélites brasileiros, abrir o mercado de movelaria brasileira
para o imenso parque de hotéis de Dubai e apresentar o apoio do governo
brasileiro à exportação de aviões da Embraer.
Bolsonaro ficará quatro dias e ninguém se espante se as conversas forem
sobre abrir hotéis e cassinos no Brasil, como aconteceu em sua primeira viagem
ao Oriente Médio: alardeou um investimento árabe de US$ 10 bilhões, para criar
um balneário repleto de resorts, inspirado em Cancún, no México, na baía de
Angra dos Reis.
Que, claro. nunca aconteceu.
Mas pode ser que, louco para “livrar-se” da lucrativa Petrobras, Jair a
vá oferecer ao Sultão Ahmed Al Jaber, presidente da ADNOC, a grande empresa
petrolífera dos Emirados Árabes. Empresa estatal, é claro, porque eles não são
bobos.
Espera-se apenas que o presidente não vá fazer o ridículo de repetir o
filho Eduardo Bolsonaro – que aliás está na comitiva – para ir tirar fotos
fantasiado de sheik.
Terá boa alternativa ficando no hotel mais refinado de Dubai, o Emirates
Palace (foto), onde a diária pode chegar a R$ 34 mil e serve-se água mineral
com partículas de outro 23 quilates. Tudo no jbá, porque, o próprio Bolsonaro
avisou, a hospedagem será para pelo príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed Bin
Zayed Al Nahyan.
Fique tranquilo, presidente. Nada de urgente está acontecendo por aqui:
o país não está em crise e o estoque de ossos e pés de frango está garantido
até dezembro.
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