(Foto: Reprodução/Youtube)
Enquanto segue sendo sabotado e silenciado
pela extrema imprensa brasileira, que apoiou e segue apoiando o neoliberalismo
fascista, Lula é exaltado pelo maior jornal espanhol como remédio para derrotar
o bolsonarismo
22 de novembro de 2021
O El País, maior jornal da Espanha, desta em seu editorial desta
segunda-feira, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o
social-democrata que pode derrotar a extrema direita no Brasil em 2022.
"Lula deixou a mensagem em seu rastro na Europa de que o Brasil não é o
Bolsonaro e que uma esquerda democrática, realista e disposta a lutar contra a
desigualdade é possível", aponta o texto. Leia, abaixo, a íntegra:
O ano de 2021 inaugura um novo ciclo eleitoral na América Latina que
terá uma de suas nomeações decisivas no Brasil no próximo outono. As eleições
provavelmente colocarão o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro contra o
sindicalista e ressurgente Luiz Inácio Lula da Silva, embora ele ainda não
tenha confirmado que disputará as eleições presidenciais. Em Bruxelas, ele
protagonizou diversos encontros em uma agenda comum com a família
social-democrata e progressista que ajuda a desenhar fortemente a possibilidade
de que Lula, finalmente, seja candidato. E é animador porque hoje aquele que
foi fundador do Partido dos Trabalhadores parece ser o único candidato com capacidade
para derrotar Bolsonaro, um presidente que desprezou a vida humana e a
autoridade da ciência durante a pandemia, levando ao seu país com uma das
maiores taxas de mortes por covid-19 do planeta. Além de tentar destruir a
Amazônia, um dos pulmões da Terra e o foco que mais valoriza a diversidade do
globo, Bolsonaro desconsiderou sem remorso as normas democráticas básicas,
deslegitimando e tentando anular seus adversários políticos. Nada mais perigoso
para a saúde das democracias do que negar a alternância política, algo que Lula
defende com convicção para seu país em entrevista a este jornal.
Desde que Bolsonaro se tornou presidente em 2019, ele segue o conhecido
manual do populismo autoritário. Infligiu danos incalculáveis às normas
constitucionais e dividiu e polarizou sua sociedade: desacredita a política e
despreza a verdade, ao mesmo tempo que promove teorias de conspiração
negativas. As eleições que colocarão Lula contra Bolsonaro terão um caráter
existencial: o próprio futuro da democracia no Brasil está em jogo. O resultado
terá inevitavelmente um grande impacto em todo o continente na próxima década,
devido à capacidade de irradiação de um país que havia sido considerado um
exemplo democrático de economias emergentes.
A importância de Lula e dessas eleições para a estabilidade da região
são os principais motivos pelos quais vale a pena uma reaproximação da esquerda
europeia ao possível próximo presidente do Brasil. Sem dúvida, ele pode ser
considerado o representante mais próximo da família social-democrata no
continente latino-americano. Lula mostrou sua sensibilidade para com a pobreza
e a justiça social em uma área duramente atingida pela desigualdade. Mas também
para questões como mudanças climáticas, diversidade e qualidade democrática.
Sua visão em termos de valores e governança global multilateral dá sentido a
essa conversa entre famílias progressistas dos dois continentes. A construção
de uma agenda comum surge num momento em que os problemas internos europeus
continuam a aprofundar o inexplicável vazio e desinteresse da União por uma
região com a qual é essencial estabelecer uma aliança estratégica para lutar
por objetivos comuns como as alterações climáticas e a globalização que limita
os excessos ordoliberais da última década. Lula deixou a mensagem em seu rastro
na Europa de que o Brasil não é o Bolsonaro e que uma esquerda democrática,
realista e disposta a lutar contra a desigualdade é possível.
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