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Reprodução)
"Os adversários de Lula não podem ser subestimados, mas são
hoje figuras frágeis com um plano em comum, o único plano possível: comer um ao
outro, para que o sobrevivente enfrente Lula. É a única certeza relevante que
eles têm", escreve o jornalista Moisés Mendes
26 de novembro
de 2021
Moisés Mendes
é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor
especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
...
A direita e a
extrema direita brasileiras se misturam, tentam buscar novas e velhas
semelhanças e convergências e olham para Lula e pensam: dois anos atrás, esse
cara estava saindo do cárcere político como uma incógnita maior do que as
expectativas que criava.
Pois dois anos
depois, Lula é a única certeza da política brasileira em relação ao futuro mais
imediato. Não há entre nenhum dos seus adversários, incluindo os que o
perseguiram e o encarceraram, nenhuma certeza.
Bolsonaro não
tem certezas, nem a Globo, nem Sergio Moro, muito menos os militares. As
incertezas e as inseguranças tiraram Luciano Huck do jogo, afastaram agora Luiz
Henrique Mandetta e podem ir devorando outros pretendentes a alguma coisa em
2022.
A direita da
era Bolsonaro virou um sumidouro de projetos e esperanças de ricos e da classe
média que não conseguem resolver seus dilemas desde o golpe de 2016.
Estão em
dúvida os tucanos enrolados nas prévias de João Doria e Eduardo Leite, em
dúvida tão profunda que poucos sabem no PSDB, fora Aécio Neves, qual deles tem
mesmo chance de tirar Bolsonaro de um segundo turno.
As poucas
certezas da direita e da extrema direita vão ficando gastas antigas e todas são
contra seus interesses. O Bolsonaro fraco e acovardado perdeu o direito de
blefar com o golpe. É uma certeza.
É certo também
que o sujeito não consegue mais nem meter medo com as ameaças de que pretendia
esculhambar com as eleições. Bolsonaro está desligado.
Sergio Moro
caminha na direção da mesma via retórica de Bolsonaro, apenas com a diferença
da voz em falsete um pouco mais encorpada, e se avoluma a certeza de que Ciro
Gomes já não tem certeza nenhuma.
O centro
imaginário, direita e extrema direita irão, a partir da escolha do candidato do
PSDB, acelerar o processo de autofagia. E as dúvidas serão apenas atualizadas e
aprofundadas.
Teremos a
intensificação dos ataques dos bolsonaristas a Moro, mas Moro parece não ter
ainda estrutura de guerrilha para contra-atacar o bolsonarismo. A capacidade de
combate pesado de Moro é uma dúvida.
Mesmo assim,
como as pesquisas irão apontar crescimento do ex-juiz, teremos Moro cada vez
mais protegido pela Globo, mas ainda sem nenhuma garantia de que será ele o
escolhido pelos irmãos Marinho.
Direita e
extrema direita foram tomadas pela melancolia da mediocridade. Bolsonaro, já
sem repertório de ataque, frustra a todos, principalmente seus apoiadores,
agredindo Emmanuel Macron.
O eleitor
básico de Bolsonaro não sabe quem é Macron e nem ficou sabendo e nem deseja
saber o que Lula foi fazer em Paris. Ele só quer de volta o Bolsonaro de antes
da cartinha a Alexandre de Moraes.
É um fim de
ano ruim para Bolsonaro e para direita e extrema direita fora do bolsonarismo.
Todos tentam pegar o vácuo, logo atrás do genocida, mas ainda sem condições de
fazer ultrapassagens.
Os adversários
de Lula não podem ser subestimados, mas são hoje figuras frágeis com um plano
em comum, o único plano possível: comer um ao outro, para que o sobrevivente
enfrente Lula. É a única certeza relevante que eles têm.
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