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Reprodução/Twitter
Um grampo pode derrubar o ex-juiz de vez
8 de janeiro
de 2022
Durante a
corrida eleitoral, Sergio Moro pode ter que prestar explicações sobre conversas
do passado. Em 2005, o advogado Roberto Bertholdo foi preso em Curitiba acusado
de grampear clandestinamente os telefones do ex-juiz da Lava Jato. As escutas
telefônicas tinham como objetivo ter informações privilegiadas sobre processos
de seus clientes.
De lá pra cá,
muita coisa aconteceu. Moro ficou conhecido por se tornar parcial contra Lula.
Depois de tirar o líder das pesquisas das eleições de 2018, tornou-se ministro
da Justiça de Bolsonaro, em 2019. Agora Sergio é pré-candidato à Presidência
pelo Podemos. Uniu-se ao senador Alvaro Dias, Deltan Dallagnol e ao MBL. Todos
que estiveram com o bolsonarismo na última eleição presidencial. E sua principal
plataforma é o “combate à corrupção”.
Acontece que
todo o plano de ser presidente pode ir por água abaixo e não apenas pelas
pesquisas. Os grampos feitos em 2005 podem vir à tona a qualquer momento e
complicariam muito Moro. Segundo a classe política, isso pode enterrar a
carreira dele como candidato.
Leia mais:
As conversas
de Moro
Conforme
apurou o DCM, as conversas grampeadas pelo advogado Roberto Bertholdo devem
vazar em breve. Os diálogos foram captados em 2005, quando Moro era titular da
2ª Vara Criminal de Curitiba. E os assuntos abordados não foram revelados para
o público.
Uma fonte
ouvida pelo DCM garante que os temas são variados, inclusive com assuntos
familiares.
Há muita
preocupação na campanha do ex-ministro de Bolsonaro. Isto porque nem eles sabem
o teor das conversas. E o ex-juiz não é claro sobre o que teria falado nos
bate-papos que teve naquela ocasião. O que corre é que haverá bombas. E
difíceis de ser explicadas.
Moro e
Zucolotto – Foto: Reprodução
Em 2017, o DCM
mostrou em reportagem que a situação era séria. O passado incômodo foi revelado
em dois CDs entregues à jornalista Denise Mello, então na rádio Bandnews de
Curitiba. Ali estavam as transcrições das conversas de Moro. Bertholdo divulgou
os registros da interceptação clandestina para se defender de um processo em
que se encontrava preso, acusado de lavagem de dinheiro e tráfico de
influência.
Na entrevista
que concedeu à rádio, de dentro da cadeia, ele contou que o doleiro Alberto
Youssef, solto por Moro num acordo de delação premiada em 2004, estava operando
intensamente no mercado paralelo e, com a delação dele, outros doleiros haviam
sido presos ou saíram do mercado. Youssef ficou praticamente sozinho no comando
do submundo da lavagem de dinheiro.
Moro se
mobilizou para que Roberto Bertholdo fosse condenado por crimes contra a honra.
Sua mulher e o amigo Zucolotto atuaram no processo em que o advogado e lobista
pretendia que fosse aceita exceção da verdade — isto é, quando a alegada
injúria ou difamação são decorrentes de fatos ocorridos efetivamente.
O expediente
da exceção da verdade não foi aceito, e as fitas foram colocadas sob segredo de
justiça e jamais divulgadas.
Entre dezembro
de 2003 e março de 2004, durante a investigação da mega lavanderia de dinheiro
que funcionava no Banestado, Moro teve os telefones do gabinete no fórum e da
casa grampeados.
Soube disso
através de dois delatores, o Toni Garcia e o Sérgio Costa. Já processava
Bertholdo, pelo crime de lavagem de dinheiro e de tráfico de influência.
O procedimento
normal, nesses casos, é que o juiz se afaste do caso. Mas não foi o que ele
fez.
Moro
permaneceu à frente da investigação e, a pedido do Ministério Público Federal,
ordenou a quebra do sigilo telefônico de Bertholdo e autorizou os dois
delatores a gravarem conversas com ele.
Bertholdo
negou que os grampos tivessem sido feitos por ele (assumia apenas a tentativa
de divulgação) e culpava Alberto Yousseff, com quem teve relações no passado.
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