Alfredo Attié, Sergio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: Reprodução | Reuters)
“Se o Judiciário se corrompe, então nós
estamos diante de um problema seríssimo, que não pode se repetir”, enfatiza o
desembargador
3 de janeiro de 2022
O desembargador Alfredo Attié, do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP), afirmou à TV 247 que a confissão do ex-juiz parcial Sergio Moro, de
que usou a Lava Jato para combater o PT, e não a corrupção, representa a
corrupção dentro do Poder Judiciário e merece investigação.
“É preciso que tudo isso que foi feito pelo Moro, pelo Ministério
Público e Polícia Federal, nesta grande armação que foi o lavajatismo, mereça
investigação por meio de processos administrativos e judiciais. A gente precisa
de muito Direito agora, para evitar que tudo isso que aconteceu no Brasil, que
gerou esse governo horroroso - que nós estamos sofrendo ainda - volte a
acontecer”, pontua.
Attié destacou que julgado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
Moro não agiu como juiz, mas como parte. Alguém que estava interessado no
destino dos processos que encabeçava.
“A vara que ele [Moro] estava foi julgada pelo STF como uma vara que não
tinha competência, jurisdição para julgar aqueles casos. Uma jurisdição que é
chamada tradicionalmente como uma jurisdição de exceção. Ou seja, alguém diz
que vai julgar mas não tem competência para isso”, esclarece.
O desembargador destaca ainda que a suspeição se perpetuou no interior
do Judiciário, pois no julgamento do recurso feito contra a sentença do triplex
do Guarujá, em que o ex-juiz Moro foi considerado suspeito e incompetente,
foram feitos elogios a ele, inclusive, vindo de desembargador que à época era o
presidente daquele tribunal e que não participava do caso.
“Isso significa a corrupção do sistema Judiciário. O termo corrupção se
adapta exatamente a isso. Não é aquela coisa mesquinha de que todo mundo pensa
ou fala sobre corrupção. A corrupção é o abuso do poder, e quando esse abuso se
dá por um juiz, pelo Judiciário ou pelas pessoas que estão ligadas ao
Judiciário, é o maior escândalo, pois o Judiciário é o lugar onde todo mundo
tem que confiar quando sofre uma violência, lesão ou abuso”, completou.
Como se sabe, depois da Lava Jato, o país viu a economia encolher.
Segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos
Estatísticos e Socioeconômicos), o Brasil perdeu 4,4 milhões de empregos e
houve um desinvestimento de mais de R$ 170 bilhões.
A maior empresa de engenharia brasileira, a Odebrecht, quase foi levada
à falência e a Petrobrás perdeu valor. O Brasil era a sexta economia do mundo e
não está mais nem entre as dez maiores.
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