Por Fernando Brito | 10 de Janeiro de 2022
O número de
casos de Covid oficialmente registrado no Brasil não é apenas subestimado, é
contraditório até mesmo com a migalha de testes que se consegue fazer.
Dois anos,
quase, depois do início da pandemia, estamos vivendo um “apagão” de dados – e
mais ainda de confiabilidade.
Sejam os
números centralizados – os sistema do Ministério da Saúde completa um mês
paralisado – sejam muitos dos dados produzidos por Estados e Municípios, nada é
preciso.
Ontem, fui a
um posto público de testagem da Covid da Prefeitura do Rio de Janeiro, no
centro da cidade. Apesar da espera de mais de 2 horas, tudo estava
relativamente bem organizado e os funcionários se desdobravam em atender bem.
Num cálculo aproximado, creio que atendiam cerca de 100 pessoas por hora e, de
8 às 17, com o excedente que estava ainda na fila ao fecharem-se os portões, estimo
que cerca de mil pessoas foram testadas, recebendo minutos depois seu
resultado.
Como aos que
testavam negativo era a simples entrega de um papel e aos positivos, a
funcionária parava e dava orientações, era possível perceber a parcela que
tinha tido (inclusive eu) o teste reagente e era impressionante: praticamente
“meio a meio”.
Impressão
confirmada pelo índice de “positivo” que a Prefeitura divulga nos testes da
primeira semana epidemiológica do mês (2/1 a 8/1): 44% dos 58.585 exames
realizados. Ou 25.777 positivos, só nos testes aplicados pela administração
municipal ou que ela tenha recebido e contabilizado.
É 32% maior do
que o município contabiliza como “casos confirmados” onde se aplica o critério
de “data do início dos sintomas”: 17.298, neste mesmo período.
Não há
qualquer menção aos casos verificados em testes de farmácia ou de laboratórios
particulares.
A impressão
que colhi, na prática – e que me levou a compará-la com as informações locais
do Rio de Janeiro – é ainda menos assustadora que a de gente imensamente mais
capaz que este blogueiro: a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, e o
médico e neurocientista Miguel Nicolelis, em entrevista a Luís Nassif e Marcelo
Auler, no GGN.
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