Moro ladeado por João Roberto Marinho e Ascânio Seleme
(Foto: Reprodução/Globo)
A mesma mídia que criou e aplaudiu o
personagem Moro esconde as evidências fartas do grande escândalo que encerra a
trajetória criminosa da triste figura
30 de janeiro de 2022
A Operação Lava Jato não existiria sem a mídia corporativa brasileira e
a adesão dos donos desta mídias, de seus comandos editoriais e de diversos
jornalistas tornou-se uma referência de como o jornalismo pode ser destruído
para estar a serviço da perseguição política -no caso, ao PT, à ex-presidenta
Dilma Roussef e especialmente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois da completa derrota da narrativa lavajatista deste segmento da imprensa,
o país assiste agora à derrocada final do chefe da operação, o ex-juiz Sergio
Moro, condenado como juiz suspeito e por práticas ilegais na 13ª Vara de
Curitiba. Sabe-se agora que parte do butim pelo serviço foram R$ 3,7 milhões de
reais em dez meses de 2021, uma receita de nada menos que R$ 10 mil reais por
dia, recebidos da empresa Alvarez & Marsal, justamente a empresa que lucrou
com a quebra de empresas brasileiras por meio de decisões da Lava Jato.
É um grande caso jornalístico, de alta octanagem. Mas a mesma mídia que
ergueu a Lava Jato, agora protege seu chefe e insiste em nada publicar sobre o
homem de R$ 3,7 milhões.
A foto que está no alto desta breve reportagem é de Sérgio Moro sendo
aplaudido pelo então vice-presidente do
Grupo Globo, João Roberto Marinho (agora presidente) e pelo então diretor de
Redação de O Globo, Ascânio Seleme (agora colunista do jornal). Foi na
cerimônia em que, em 18 de março de 2015, o ex-juiz suspeito recebeu os prêmios
“Faz Diferença” e “Personalidade do Ano" do jornal O Globo -o motivo era
sua atuação criminosa na Operação Lava-Jato.
As evidências jornalísticas de que havia se instalado em Curitiba uma
quadrilha com o objetivo de destruir o país e o PT e seus líderes já estavam
disponíveis à época. Mas, sob a liderança do grupo Globo, veículos como Folha
de S.Paulo, Estado de S.Paulo e uma série de outros, publicavam prazerosamente
os press-releases e notícias plantadas por Moro e seu comparsa, o então
promotor Deltan Dalagnol.
Hoje, os dois personagens da foto, que ladeiam o ex-juiz, não teriam
coragem de aparecer ao seu lado aplaudindo-o. Os veículos da mídia corporativa
recuaram da defesa da Lava Jato, “enfiaram a viola no saco”, como afirma o
ditado popular. Porém, não houve uma linha de autocrítica pela campanha
sórdida.
Agora, quando Moro está completamente desmascarado e o escândalo da
propina em forma de “salários” explode, todos os veículos da mídia corporativa
cumprem um pacto de silêncio.
Como perguntou pelo Twitter o jornalista Xico Sá há dois dias: “Imagina
se aquele duto do jornal nacional, imagem da corrupção do Brasil por anos,
tivesse que engolir de volta a grana que o ex-juiz papou por causa do comercial
que fez da lava jato?".
Não há “dutos” nem manchetes, boletins, notícias em destaque, nada.
Notas esparsas aqui e ali, tímidas, envergonhadas. A mídia corporativa afunda
com o personagem que inventou, aplaudiu e ajudou a destruir o país.
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