Queiroga e Bolsonaro alinhados contra a vacinação
Gestores médicos ligados ao Cosems justificam o processo pela sabotagem ao programa nacional de imunização para crianças e à recomendação da Anvisa
07 de Janeiro de 2022
Médicos
ex-presidentes do Cosems-SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do
Estado de São Paulo) solicitam ao CFM a abertura de processo ético-profissional
contra o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
No documento,
assinado pelos membros do Conselho Honorário da entidade em 30 de dezembro, os
médicos argumentam que Queiroga cometeu infrações que atingem toda a população
brasileira, principalmente as crianças entre 5 a 11 anos, ao resistir à
recomendação da Anvisa de abrir a vacinação infantil contra covid-19.
Seguindo a
orientação do presidente Bolsonaro, que desde o início da pandemia é contrário
a qualquer vacinação contra a covid, o ministro agiu para impedir a abertura do
programa de imunização para crianças. Primeiro chegou a propor uma consulta
pública sobre o assunto, depois falou em prescrição médica para cada dose de
vacina, medidas pensadas para retardar a possibilidade de vacinação de
crianças.
Ontem (5),
após resistência do Governo Federal, o ministro anunciou a inclusão de crianças
de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a
Covid-19, sem a exigência de prescrição médica. O Ministério da Saúde diz ter
encomendado todas as doses necessárias para atender o público-alvo de 20
milhões de crianças, e prevê que todas serão entregues no primeiro trimestre
deste ano.
Os
ex-presidentes do Cosems-SP ressaltam que a Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) já havia aprovado a vacinação para esse público, portanto,
a postura do ministro e do governo não fariam sentido.
“A alegação
inicial para não implantar a vacinação foi relativa à segurança da vacina,
inverdade que contraria absolutamente ao que se observou em milhões de doses
desta vacina já aplicadas nessa faixa etária em outros países”, destacam os
médicos.
Os signatários
da solicitação de abertura do processo ainda citam a audiência pública
promovida pelo governo com médicos conhecidos por compartilharem fake news e a
insistência em exigir prescrição médica, depois descartada. Apesar disso, o
governo insiste no discurso de que os pais devem procurar consulta médica antes
de vacinar as crianças, confundindo pais e colocando, mais uma vez, a
recomendação da Anvisa em dúvida.
“Não resta
outra alternativa senão a constatação de que ele atende, acima de tudo, aos
interesses políticos e ideológicos do governo, e mais especialmente, do
Presidente da República.”
O intervalo
entre a primeira e a segunda dose será de oito semanas, maior que o período de
três semanas recomendado na bula.
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