24 de Março de 2022
Infelizmente, não soa absurdo que a alegada insurreição da bancada
evangélica diante da revelação de que o ministro-pastor da Educação, Mílton
Ribeiro, cuidava de atender com prioridade amigos de Jair Bolsonaro, estariam
abiscoitando créditos dados pelo ministério em negócios com prefeitos do
interior, seja antes uma disputa de quem terá os favores e privilégios na
distribuição de verbas do MEC do que uma indignação legítima contra o fato de
que dois pastores espertalhões levavam vantagens indevidas.
Depois dos picaretas que surgiram negociando lotes de milhões de vacinas
– e completamente impunes, depois de quase um ano de reveladas falcatruas, será
que alguém ainda pode escandalizar-se com uma “ação entre amigos
presidenciais?”.
Mílton Ribeiro, cujas opiniões pedagógicas incluem castigos corporais –
“as crianças devem sentir dor” -recebeu o ministério por influência do pastor
André Mendonça, atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Se cair, será sucedido por outro que, quase que certamente, praticará os
mesmos favores, guiado agora pela “bancada evangélica” que se insurge contra
Ribeiro.
O oportunismo da fé, onde os fiéis são usados como rebanhos eleitorais
para abrir as porteiras dos ministérios dos cofres públicos virou algo comum e
não são dois ou três amigos evangélicos que coram de vergonha com o que estão
vendo fazerem os neofarisaicos.
É pior, porém, o que fazem com a consciência nacional, que perdeu, em grande
parte, a capacidade de levantar o chicote contra o mercadejar da fé.
Ribeiro será só mais um na inacreditável fieira de desqualificados que
Jair Bolsonaro colocou no ministério da Educação, que deveria ser a joia da
coroa de um país atrasado e injusto.
Em matéria de Educação, parece que só conseguimos aprender a calcular os
10%.
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