Por Fernando
Brito | 27 de Março de 2022
Hoje, em
Brasília, não há, a rigor, um lançamento da candidatura de Jair Bolsonaro à
reeleição porque, afinal, ela está lançada e domina, obsessivamente, tudo o que
faz o atual presidente desde o primeiro dia de seu mandato.
Dizem os
jornais, como a Folha, que “um dos focos será retomar o discurso do antipetismo
e a narrativa de que não há corrupção no governo Bolsonaro”.
Quase 40 meses
de governo e o que tem Bolsonaro para apresentar é apenas ódio e um “não roubo
e não faço” cuja primeira parte é diariamente desmentida, pela farturas
familiares e pelas estripulias em nome de Deus, como nos casos da vacina e,
agora, dos recurso da Educação intermediados por dois picaretas remetidos pelo
Palácio ao obediente Milton Ribeiro.
Alias, vão,
só, como acentua um dos raros colunistas dos jornais sem medo de tomar posição,
o mestre Janio de Freitas:
Não foi só a Saúde nem é só a Educação. É o governo todo. Quem o diz é o próprio Bolsonaro, por exemplo, em recente reunião com as cúpulas evangélicas no Alvorada: “Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim desejarem”. Ressalve-se que era meia verdade: ele dirige a nação para o lado desejado pela corrente mafiosa entre os evangélicos, entre os empresários, entre os políticos e entre os militares.
De resto, o
que mais? Carteiras profissionais em branco, aposentadorias adiadas, serviços
públicos decadentes, instituições avacalhadas, calçadas juncadas de gente ao
léu, lixo sendo revirado, pé de frango na sopa, se é que a sopa suporta os
preços da batata e da cenoura.
Ah, sim, armas
aos centos de milhares, porque, afinal, é preciso proteger os lares a bala,
porque devemos viver como num filme de caubói, atirando nos índios, reais ou
figurados.
Nem assim,
porém, a nossa elite política e midiática dá o braço a torcer e considera seu
“dever de imparcialidade” atacar a candidatura que é a única, segundo todas as
pesquisas de opinião, que vence Bolsonaro no primeiro e no segundo turnos das
eleições.
Imparcialidade
que, é claro, implica em tratar discrição às vitórias de Lula na Justiça e,
assim, ajudar a manter o discurso que Bolsonaro usa como suporte, com a
cumplicidade da tal “Terceira Via” que concentra a artilharia na candidatura do
ex-presidente, mostrando quem é seu inimigo principal e com quem irá se compor
no confronto final entre Lula e o protofascista que está no poder.
Nada
surpreendente para quem se serviu, para isso, de figuras como Aécio Neves,
Eduardo Cunha e do messianismo sectário da dupla Sergio Moro – Deltan
Dallagnol, cujos propósitos políticos estão escancarados em suas candidaturas.
Não dá para
tratar uma candidatura montada com bilhões de Orçamentos secretos, com a mais
escancarada utilização seletiva dos recursos públicos como um pleito que não
envolve corrupção.
Ela está aí,
escancarada na centena e meia de parlamentares que enxameiam o dinheiro público
que, como nos programas do Sílvio Santos, é arremessado para a plateia que o
aplaude.
Será uma festa
de urros e ameaças, além da celebração da picaretagem, uma invocação de um
futuro mais feroz, mais pobre e desumano.
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