Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
O governo Bolsonaro é responsável por mais
da metade das privatizações da Petrobrás, vendida em fatias desde o governo
Temer
9 de abril de 2022
Em evento no Santuário São Miguel Arcanjo, em Bandeirantes, no Paraná,
neste sábado (9), Jair Bolsonaro (PL) mentiu ao atribuir ao PT a culpa pelo
alto preço dos combustíveis no Brasil.
Ele, que defendeu por mais de uma vez a privatização da Petrobrás, agora
muda o discurso e afirma que o Brasil precisa aumentar sua capacidade de refino
e passar da condição de importador para exportador de derivados de petróleo.
Bolsonaro repete o discurso do ex-presidente Lula (PT), que defende o
fortalecimento da Petrobrás como motor do desenvolvimento brasileiro.
Bolsonaro, no entanto, mente ao dizer que o PT se desfez das refinarias
brasileiras enquanto estava no poder. Em 2021, Bolsonaro vendeu a primeira
refinaria da Petrobrás, a Rlam (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia, por R$ 10
bilhões. Neste ano também foram negociados a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em
Manaus, no Amazonas, e seus ativos logísticos associados por R$ 1 bilhão, além
da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul (PR), por
R$ 183 milhões.
Desde que assumiu a Presidência em 2019, Bolsonaro tem trabalhado para
desmontar a Petrobrás. Desde pouco antes do golpe contra a ex-presidente Dilma
Rousseff (PT) até agora já foram vendidos 64 ativos e participações acionárias
da Petrobrás, somando R$ 243,7 bilhões. Mais da metade das privatizações
aconteceu no governo Bolsonaro, com a negociação de R$ 138,2 bilhões, o
equivalente a 56,7% do valor total. O primeiro ano de seu mandato, em 2019,
registrou o maior valor de vendas anual de todo período, contabilizando R$ 74,7
bilhões, o que representa 30,6% do acumulado.
À TvPT, o ex-presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, explicou
que a política adotada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e mantida por
Bolsonaro fez o Brasil produzir cada vez menos combustível em suas próprias
refinarias e depender cada vez mais das importações. "Nos últimos anos, a
Petrobras reduziu o uso de suas refinarias e abriu espaço para novos
importadores de gasolina, diesel, querosene de aviação e gás de cozinha. Hoje,
temos quase 400 importadores funcionando no Brasil, que importa um quarto da
gasolina, quase um terço do gás de cozinha e um quinto do diesel. Ao fazer
essas importações, você passa a depender fortemente dos preços internacionais”.
Gabrielli ainda destacou que nos governos Lula e Dilma, a política
adotada era de integração da Petrobrás.
Ou seja, ela que extraía petróleo e gás, fabricava combustíveis e gás de
cozinha e vendia esses produtos. Desta forma, era possível fazer uma compensação
dos preços, sem repassar toda variação do mercado internacional para os
consumidores brasileiros. “A lógica que se adotava naquela época era a de uma
empresa integrada de energia, que era capaz de administrar (os preços). Ora os
preços do petróleo sobem muito e a margem do refino diminui, ora os preços do
petróleo caem e a margem do refino aumenta. Quando você está integrado nas duas
pontas, você consegue estabilizar a receita ao longo do tempo. Isso é o que as
grandes empresas de petróleo fazem, mas a Petrobras está indo na direção
inversa. Está desintegrando a empresa e se tornando cada vez mais submetida às
variações dos preços internacionais”.
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