(Foto: Reprodução)
"Não há uma simetria possível entre os
dois no exercício do cargo público e no respeito às instituições", disse o
professor de Harvard Hussein Kalout ao ex-juiz parcial
9 de abril de 2022
O ex-juiz parcial Sergio Moro (União Brasil-SP) participou neste sábado
(9) de um painel do Brazil Conference, nos Estados Unidos, onde passou por uma
espécie de sabatina que contou com a presença do advogado Augusto de Arruda
Botelho e da jornalista Eliane Cantanhêde.
Ele foi perguntado sobre a viabilidade da terceira via no Brasil e se
disse um "soldado da democracia", afirmando que seu nome está "à
disposição" do "centro democrático" para concorrer à Presidência
da República.
Para atacar seus dois opositores, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente
Lula (PT), líder de intenções de voto nas pesquisas eleitorais, Moro os colocou
como extremistas, tentando estabelecer alguma equivalência entre o autoritário chefe
do governo federal e Lula, que governou democraticamente o país por oito anos.
O moderador do painel, o professor e pesquisador de Harvard, Hussein
Kalout, ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República no governo Michel Temer (MDB), tratou de corrigir Moro: "eu
queria fazer um esclarecimento para não parecer que eu estou tomando partido
dos lados dessa contenda. Como cientista político, gostaria de dizer que quando
a gente fala de extremismo, colocar duas forças políticas como extremadas,
talvez isso não reflita a realidade. Acho que sim, o presidente Bolsonaro se
mostrou um político extremista, se mostrou sim um político radicalizado e ele
procura fazer isso constantemente no exercício da função pública na condição de
presidente da República. O senhor reconheceu que ele aviltou as instituições,
impediu a implementação de uma política anticorrupção nas instituições públicas
brasileiras, mas eu acho que - e isso não se trata da defesa do presidente Lula
e nem do PT - não é apropriado trazer uma avaliação colocando um governo ou uma
instituição partidária que exerceu o poder durante 13 anos, vencendo quatro
eleições presidenciais, como extremada no exercício da política nacional".
"Acho que sim, pode haver críticas às políticas públicas, é
importante, mas rotular com extremismo é um pouco perigoso. É importante que
isso seja dito. O PT quando foi impichado reconheceu o resultado jurídico do
processo do impeachment, houve uma transição pacífica do poder. O presidente
Lula, quando sua prisão foi determinada pelo senhor [Sergio Moro], cumpriu a
decisão judicial, não a desafiou. Então isso reflete um pouco também um
espírito democrático, ainda que haja discordância sobre sua política pública ou
sua conduta. É importante reconhecer isso. Acho que colocar Bolsonaro e Lula na
mesma equivalência me parece uma grande distorção histórica, ainda que se possa
criticar o ex-presidente. Não há uma simetria possível, equivalente entre os
dois lados no exercício do cargo público e no respeito às instituições".
0 comments:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor