(Foto: Divulgação/Fonasefe)
Categorias criticam índice, que não repõe
perdas, e também a maneira desrespeitosa com o trabalhador, que não é recebido
para dialogar
15 de abril de 2022
Cida de Oliveira, da RBA - Servidores federais rejeitam o índice de 5%
que o governo de Jair Bolsonaro pretende conceder como reajuste salarial a
partir de julho, em uma decisão de bastidores, sem antes ter se reunido com as
lideranças sindicais para discutir a reposição. O reajuste ainda não foi anunciado
oficialmente.
Para a Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e
Ministério Público da União (Fenajufe), a proposta de Bolsonaro aprofunda o
processo de corrosão da renda da categoria, com o achatamento de salários em
momento de crescimento dos preços do aluguel e a inflação dos alimentos e
combustíveis.
“O salário dos servidores está desvalorizando ano a ano com o aumento da
inflação, que está entre os maiores índices do século 21, comparável aos
período 2002/2003 e 2015/2016. Com os gastos básicos subindo e o salário
derretendo, as condições de vida dos servidores estão piorando, junto com a
insegurança para exercer as atividades durante a pandemia e as ameaças das
‘granadas’ de um governo que classifica quem trabalha no setor público como
inimigo”, disse o go de formação política e organização sindical da Fenajufe
Thiago Gonçalves.
A mobilização dos servidores cresceu no final do ano passado e diversas
categorias paralisaram as atividades no dia 16 de março e também durante a
mobilização do Ocupa Brasília, na Praça dos Três Poderes no dia 30 de março. Em
abril, diversas fizeram greves e paralisações.
“Não queremos privilégios nem
aumentos salariais em um momento de profunda crise econômica e social.
Defendemos que seja feita a recomposição inflacionária de 19,99%, referente às
perdas inflacionárias desde 2019. A Fenajufe, em nome dos servidores da União
do Judiciário de todo Brasil, procurará o Presidente do STF e demais Ministros
da Corte, mais uma vez, para expor a situação e aprovar uma recomposição que
esteja de acordo com a Constituição Brasileira”, disse o dirigente.
Os servidores federais da educação também rechaçaram os 5% de Bolsonaro.
O coodenador geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação
Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), David Lobão, disse que,
primeiro, porque a proposta foi feita de um modo “nada republicano e nem
aceitável”, o que pode agravar ainda mais o tipo de relação que o governo de
Jair Bolsonaro tem com os trabalhadores, segundo o dirigente. “Os servidores
querem sentar na mesa e apresentar propostas para serem discutidas. Nós estamos
o tempo todo na porta do Minitério pedindo para que se abra uma mesa de
negociação. O mais correto seria o governo chamar a gente e colocar na mesa a
proposta que apresentou, para dialogarmos, discutirmos, levarmos pra base por
mais ridícula que ela seja, disse Lobão.
Ele destacou também a insuficiência dos 5%, já que a inflação acumulada
no governo Bolsonaro ultrapassa em muito a casa dos 20%, quatro vezes mais que
a proposta. “5% de reposição de perda? A inflação dos três primeiros meses de
2022 já chega a 3,2%. Vamos chegar a 5% em quatro meses. Depois de cinco anos
de congelamento, é justo que o trabalhador aceite de bom grado 5%? Estamos pedindo
ao governo neste momento que nos receba em mesa de negociação e nos apresente
uma proposta, que seja esses míseros 5%, que nao atende às necessidades básicas
dos servidores. Faremos o debate na base e daremos um retorno para o governo”,
disse Lobão.
A instatisfação com os 5% tomou conta também dos delegados da Polícia
Federal. A categoria se disse “indignada” com a “quebra desleal de um
compromisso” por parte de Bolsonaro, mas não deu detalhes. No começo do ano, de
olho no apoio desses servidores, o presidente falou em reajuste, o que colocou
mais lenha na fogueira da mobilização das demais categorias federais.
Para arcar com o reajuste nesse patamar de 5%, o governo precisará de R$
6,3 bilhões em 2022. O orçamento, aprovado no final do ano passado, incluiu na
versão final uma reserva de R$ 1,7 bilhão para essa finalidade. Para garantir
essa diferença, Bolsonaro terá de negociar ainda mais com o Congresso.
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