Alysson Mascara, Bolsonaro e Alexandre de Moraes (Foto:
USP | PR | STF)
"Ao semear vento, estamos colhendo
tempestade", diz o professor e filósofo do Direito, ao comentar o choque
entre bolsonarismo e STF
29 de abril de 2022
O filósofo do Direito Alysson Mascaro, professor da Universidade de São
Paulo, avaliou, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247,
que o choque recente entre bolsonarismo e as instituições republicanas é
resultado do colapso institucional decorrente do golpe de estado de 2016,
contra a ex-presidente Dilma Rousseff. "O Brasil está colhendo os frutos
do golpe de 2016", diz ele. "Ao semear vento, estamos colhendo
tempestade".
Mascaro explica também que o grande movimento da política e das
instituições é totalmente controlado pelo capital e acrescenta que as forças
armadas têm algo que os demais golpistas não tinham: as armas. "Estamos
assistindo à consolidação do golpe em mãos militares", avalia. "A
burguesia nacional está consorciada ao capital internacional. Todas as
instituições participaram do golpe. E as forças armadas nunca foram
confrontadas no Brasil", acrescenta.
A despeito da crise, Mascaro diz que o Brasil terá eleições neste ano.
"O custo de não haver eleições seria muito alto", afirma. Entretanto,
ele faz um alerta. "Não estamos mobilizando o povo e isso me dá desespero.
Provavelmente teremos ações de abuso eleitoral, perseguições judiciais a
figuras da esquerda, abuso econômico e violência política. Não haverá limites
para a escalada", diz ele.
Mascaro também fez seus comentários ao comentar a crise aberta pela
graça concedida por Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
"Imaginem se oito anos atrás, houvesse uma graça concedida pela
ex-presidente Dilma? Era o fim do Brasil. A decisão da semana passada está
sendo naturalizada", diz ele.
O professor também afirma que as forças de esquerda não devem confiar
completamente nas instituições."As instituições não operam na base da
gratidão, operam na base da pressão", diz ele. "Se não mobilizarmos o
povo agora, eles ganham as eleições e virão quatro anos de maior
destruição."
Mascaro, no entanto, aponta um aspecto positivo. "Até a semana
passada, a luta de esquerda estava iludida de que as águas seriam mansas.
Repentinamente, o cenário mudou. Perdemos as ilusões", diz ele. O
professor diz ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é invencível
eleitoralmente e que ele é que será atacado pelas forças obscurantistas.
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