(Foto: Divulgação | ABr)
O golpe, diz o editor do 247,
"assaltou toda a população brasileira para favorecer um pequeno grupo de
acionistas privados da Petrobrás"
24 de maio de 2022
Vamos contar aqui uma breve história recente do Brasil. Em 2006, no
governo do ex-presidente Lula, a Petrobrás anuncia a descoberta do pré-sal. Com
a confirmação das reservas em uma das maiores bacias petrolíferas do mundo, o
Brasil passou a atrair a cobiça internacional. Em 2013, o governo de Barack
Obama assumiu a espionagem contra a ex-presidente Dilma Rousseff. A Petrobrás
também vinha sendo espionada.
Naquele mesmo ano, montaram-se as "jornadas de junho", que
tinham como objetivo central desestabilizar o governo da ex-presidente Dilma,
que até então era aprovada por 70% dos brasileiros e caminhava para uma
reeleição tranquila. O objetivo final das manifestações era garantir uma
mudança de bastão, pela via eleitoral, para o partido das elites, o PSDB, que
estava comprometido com a entrega das reservas do pré-sal à exploração privada
pelo modelo de concessões. Como força auxiliar deste projeto, a Operação Lava
Jato, comandada pelo ex-juiz suspeito Sergio Moro, desmoralizava o Partido dos
Trabalhadores e a própria Petrobrás.
Em 2014, entretanto, Aécio Neves foi derrotado por uma margem estreita.
No mesmo dia, as elites nacionais, associadas ao capital internacional,
decidiram promover o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, com
um objetivo central: transferir a renda do petróleo, que serviria para
financiar saúde, educação, ciência e tecnologia, da sociedade brasileira para
os acionistas privados da Petrobrás.
Dois anos depois, em 2016, a presidência da República foi entregue ao
golpista Michel Temer, do MDB, e a Petrobrás ao tucano Pedro Parente, indicado
por Fernando Henrique Cardoso. E a primeira decisão central tomada pelos
golpistas foi a mudança na política de preços da Petrobrás. Cada cidadão
brasileiro, cada motorista de aplicativo, cada dona de casa teria que dar sua
contribuição cívica para engordar os gatos gordos de Wall Street e da Faria
Lima.
O resultado foi a explosão dos preços, que, no governo Temer, se tornou
visível no episódio da greve dos caminhoneiros. Com Bolsonaro, a desvalorização
cambial, facilitada para favorecer os exportadores do agronegócio, agravou
ainda mais o quadro, uma vez que os preços são determinados pela combinação
entre preços internacionais e a cotação do dólar.
Lá atrás, na fase preparatória para o golpe de 2016, os neoliberais
convocaram os fascistas e o gado manipulado para ocupar as ruas. Nas eleições
de 2018, o chamado "populismo de direita" já estava crescido, a ponto
de suplantar os tucanos e eleger Jair Bolsonaro, que só se viabilizou graças a
um acordo com os liberais, que atendia pelo nome de Paulo Guedes e pela alcunha
de Posto Ipiranga.
Hoje, quatro anos depois, o PSDB enfrenta seu funeral e os fascistas
eleitos em 2018 precisam se libertar do neoliberalismo para se manterem viáveis
na disputa eleitoral. Nenhum governo é reeleito com uma inflação de dois
dígitos, causada, sobretudo, por preços administrados, como os da Petrobrás.
Por isso mesmo, Jair Bolsonaro demitiu ontem mais um presidente da estatal,
numa tentativa desesperada de se manter no poder.
O que estamos assistindo no Brasil é o apodrecimento e a agonia do golpe
de estado de 2016, que assaltou toda a população brasileira para favorecer um
pequeno grupo de acionistas privados da Petrobrás.
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