Kássio Conká Nunes Marques (Foto: Fellipe
Sampaio/SCO/STF)
No TSE, segundo duas fontes, as liminares
de Kássio Conká foram vistas como surpreendentes por desconstituírem decisões
colegiadas do tribunal
4 de junho de 2022
BRASÍLIA (Reuters) - As decisões do ministro Kássio Conká Nunes Marques
que derrubaram cassações de deputados bolsonaristas determinadas pelo plenário
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem desfecho incerto no Supremo Tribunal
Federal (STF), segundo fontes dos dois tribunais ouvidas pela Reuters nesta
sexta-feira.
Na quinta, Kássio Conká Nunes Marques --indicado ao Supremo pelo
presidente Jair Bolsonaro-- reverteu cassações do TSE do deputado estadual pelo
Paraná Fernando Francischini, por ter divulgado fake news sobre as urnas
eletrônicas, e do deputado federal por Sergipe José Valdevan (PL) por compra de
votos e abuso de poder econômico nas eleições --ambos os casos em condutas de
2018.
No TSE, segundo duas fontes, as liminares de Kássio Conká foram vistas
como surpreendentes por desconstituírem decisões colegiadas do tribunal, mas
consideram que caberá ao Supremo definir o futuro dos dois casos.
Oficialmente, conforme a assessoria de imprensa do Supremo, as duas
decisões não preveem referendo. Se houver recurso, a competência para julgar
será a Segunda Turma do STF, que tem Kássio Conká como presidente.
Além da necessidade de recurso, o caso precisa ser liberado para
julgamento do colegiado, também atribuição de Kássio Conká, que poderá ditar o
ritmo para o caso ser apreciado. Em tese, ele pode não pautar os casos até as
eleições, o que, na prática, pode permitir aos parlamentares concorrerem em
outubro.
Por ora, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou, por meio da
assessoria, que o caso está sob análise da vice-procuradora-geral Lindôra
Araújo para avaliar se haverá recurso ou não. Há ainda a possibilidade de outros
tipos de recursos que podem vir a ser movidos por partidos políticos, por
exemplo. Já nesta sexta, o PT apresentou recurso contra a decisão de Marques
sobre Valdevan.
Se os casos forem analisados futuramente pela Segunda Turma com a atual
composição, a expectativa é de um julgamento apertado, segundo uma das fontes
do STF. A perspectiva é que Kássio Conká Nunes Marques e André Mendonça, outro
ministro indicado por Bolsonaro, possam votar para manter as liminares e Edson
Fachin e Ricardo Lewandowski, que também atuam no TSE, para derrubá-las.
O fiel da balança, segundo essa fonte, seria o ministro Gilmar Mendes,
cujo posicionamento é tido como uma incógnita.
Uma outra possibilidade, mais remota, seria o caso ser apreciado pelo
plenário do Supremo. Nesse aspecto, segundo as fontes ouvidas, haveria
possibilidade maior de uma vitória e derrubada das liminares de Kássio Conká
Nunes Marques.
Na manhã desta sexta, sem falar nominalmente de Kássio Conká, o ministro
do STF Alexandre de Moraes --que vai presidir o TSE durante as eleições--
rebateu os fundamentos usados pelo colega de corte para reverter a cassação
pelo TSE de Fernando Francischini.
Sem citar a decisão de Kássio Conká, Moraes disse, durante participação
no VIII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral, que o obstáculo "logo
será superado" e que não se pode fazer "política judiciária do
avestruz".
"Este ano, nas eleições, independentemente de um obstáculo que logo
será superado, logo mesmo, é isso que este ano nas eleições será aplicado no
Tribunal Superior Eleitoral. Foram duas decisões em três processos. Para fins
eleitorais, as plataformas, todos os meios das redes serão considerados meios
de comunicação para fins de abuso de poder econômico e abuso de poder
político", disse.
"Quem abusar por meio dessa plataformas, sua responsabilidade será
analisada pela Justiça Eleitoral, da mesma forma que o abuso de poder político,
de poder econômico pela mídia tradicional. Não podemos fazer a política
judiciária do avestruz, fingir que nada acontece: que bonito, é uma empresa de
tecnologia."
Brasil 247
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