Por Fernando Brito | 07 de Julho de 2022
O último dia de atividade real do Legislativo – a partir de amanhã todos
somem para suas campanhas eleitorais – é um espetáculo dantesco do que se
tornou a política brasileira desde que a onda “moralista”começou a retirar do
Congresso o peso dos partidos políticos e de seus melhores quadros, entregando
seu controle a uma chusma composta por aventureiros e espertalhões que trata
seus mandatos como uma oportunidade de negócios, eleitorais ou de outras
naturezas.
Na Câmara, o dia já começou com uma inédita sessão com a duração de
apenas um minuto, que teve como única utilidade “contar prazo” para que se
pudesse vencer um pedido de vistas e votar, na comissão correspondente, a PEC
da Compra de Votos e, assim, seguir com o plano de aprová-la ainda hoje, em
“dois turnos” (outra formalidade, pois serão seguidos) como deseja o Governo.
Será a vez de Arthur Lira cumprir o mesmo vergonhoso papel que Rodrigo
Pacheco desempenhou no Senado, irmãos na vigarice que são.
Mas o Senado ainda tinha mais serviços a prestar à canalhice. E os
prestou, aprovando a “encomenda” do Governo que tinha chegado da Câmara e
aprovando as mudanças no crédito consignado que permitirá aos bancos devorarem
até mesmo a ajuda de emergência aos famintos, este “Auxílio Emergencial” que
será aumentado, comprometendo até 40% do seu valor.
Ou seja, permitindo que se confisque, na fonte, quase a metade do que
pessoas no último grau de vulnerabilidade recebem para garantir a mera e mísera
sobrevivência.
A fase republicana que nasceu com a Constituinte de 1988 está decrépita
e agonizante como a República Velha estava há quase um século e isso está
levando a mutilar-se definitivamente Constituição do país.
Dependemos da eleição presidencial para que se criem as condições de uma
reforma que restaure os princípios representativos e republicanos que, com
todas as deficiências, ali foram erigidos e que são agora, por qualquer
necessidade eleitoreira, atropelados, enquanto se assiste à derrama bilionária de
emendas parlamentares apócrifas. O melhor, assinadas por pessoas que se
identificam como “O Assinante”.
Sim, talvez isso seja o mais adequado, pois são gente cujo nome nem
merece ficar escrito.
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