Por Fernando
Brito | 28 de Julho de 2022
A nova redução
no preço da gasolina, apenas nove dias depois da redução anterior, sem que não
haja sido registrada, entre as duas datas, qualquer redução nos preços
internacionais do petróleo tem, é claro, outro componente, o eleitoral. Mas não
é tão danoso para a empresa (e, em consequência, para o Brasil) quanto a
fixação de pagamento antecipado de dividendos, em valor recorde, para os
acionistas da empresa, o Tesouro Nacional à frente.
São R$ 87,8
bilhões, a serem pagos em agosto e setembro, quase o dobro dos 48,5 bilhões da
distribuição anunciada em maio e que o próprio Jair Bolsonaro classificou de
“estupro”.
Só que, agora,
para a alegria do governo, que encaixa recurso para sua farra eleitoral,
autorizada pela “PEC da compra de votos”: são R$ 25,2 bi, mais R$ 7 bi
referentes às participação acionária do BNDES, que os “rebaterá” como seus
próprios dividendos ao Tesouro.
O comunicado
da Petrobras sobre os dividendos, traz a pista de onde se conseguiu esta
“bolada”: do corte dos investimentos da empresa. Ou melhor, da vinculação de
sua realização a recursos vindos de “desinvestimento”, isto é, a venda de
ativos na bacia das almas e com graves danos a uma estratégia de integração das
atividades da petroleira. Diz que “os projetos de investimentos solicitados
pelas áreas de negócio foram atendidos por apresentar boa resiliência e por
serem suportados pela geração de caixa operacional e o fluxo de
desinvestimentos, sem efeitos adversos na alavancagem (no endividamento)”.
É uma operação
“raspa o caixa”, levando a transferir irresponsavelmente os recursos de caixa
da empresa para os acionistas, pela ânsia em atender as exigências
bolsonaristas de transferí-los, em parte, para os cofres do governo, numa
modalidade de “pedalada” apra antecipar recursos.
O mercado de
ações, que não está nem aí para o futuro da empresa, soltou foguetes e deu um
pulo de 3% em alguns minutos depois do anúncio dos dividendos.
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