Para o pedestre, cruzar algumas avenidas de Fortaleza significa realizar uma travessia com "emoção". A falta de respeito do motorista fez São Paulo ser mais rígida na fiscalização. Fortaleza promete seguir o exemplo
Todo santo dia, Salomão Bastos, 38, metalúrgico, sabe que tem de ir ao trabalho, só lhe falta a certeza do retorno. Na ida, desce na porta da fábrica. Na volta, precisa cruzar a avenida Senador Carlos Jereissati, conhecida popularmente como avenida do aeroporto. Ali, não há hora. Seja as seis, as dez ou a meia-noite, o fluxo não se interrompe. Carros se comportam como se não tivesse ali, cravada próxima ao Makro, uma faixa de pedestres.
Mas a situação tende a melhorar para ele. Desde o último dia 8, a cidade de São Paulo multa motoristas apressados que não dão preferência em faixas de pedestres, em áreas sem semáforos. Por enquanto, a fiscalização atua somente numa zona restrita da capital paulista. Em Fortaleza, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) promete realizar algo semelhante ainda esse ano.
O presidente da Autarquia, Fernando Bezerra, afirmou que, em cerca de 60 dias, deve iniciar o processo educativo de conscientização para o respeito da faixa de pedestre. Semelhante ao que aconteceu em São Paulo, na capital cearense também deve ser aplicada a multa para os motoristas que desrespeitarem a preferencial na passagem destinada a quem anda a pé.
“Nós vamos fazer uma campanha educativa, para conscientizar da importância do respeito ao pedestre, antes de iniciar a fiscalização”, conta o presidente. Segundo ele, a ação será diferente de São Paulo, onde ocorreu justamente o início de aplicação das multas.
A lei de proteção ao pedestre não é nova. O Código Brasileiro de Trânsito prevê punições para o motorista que não dá preferência de passagem a pedestres, mas, na prática, a regra não é obedecida por falta de fiscalização. As multas variam de média a gravíssima (perda de três a sete pontos na carteira), com valores entre R$ 85,12 e R$ 191,53.
Segundo Fernando, o motorista tem de reconhecer o pedestre como parte do trânsito. Mas quem anda a pé também precisa cumprir com suas obrigações nas ruas e avenidas da cidade. “A maior parte das pessoas que sofrem atropelamento não atravessava a rua na faixa destinada ao pedestre”, avalia Bezerra.
Angélica Feitosa – O Povo
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