Lagoa do Cauípe

Banhistas dividem areia com veículos, lixo e animais
Agosto é mês dos ventos, bom para os praticantes do kitesurf. A lagoa do Cauípe bem aproveita o tempo propício aos visitantes, cearenses ou não, mas carece em limpeza e segurança. O tráfego de quatro por quatro e a sujeira sobre a faixa de areia incomodam
A divisão classista à lagoa do Cauípe, em Caucaia, a 38 quilômetros da Capital, é clara: próximo à estrada, os afeitos ao piquenique, do outro lado da lagoa, kitesurfistas e carros 4x4 - cujo tráfego sobre areia é proibido. Próximo à entrada do Cauípe, muito lixo e paredão de som. Mais distantes, pranchas e pipas. O estabelecimento comercial de Antônia Vilar, de 36 anos, fica justo no meio da divisa há quase duas décadas. À barraqueira, os “farofas” incomodam.
“Antes vinha mais gente de Fortaleza e turistas. Famílias e esportistas, gente educada. Há uns cinco anos, começaram a aparecer esses ônibus. Eles trazer o isopor de casa e sujam a praia inteira”, ressente-se a comerciante. E os carros pela praia, Antônia? “Não me incomodam. As pessoas quando são educadas sabem como agir”, opina.
O dentista e kitesurfista gaúcho, Jatir Proença, de 31 anos, discorda. “Precisa organizar mesmo. Dá pra estacionar o carro antes da praia e vir a pé. Não precisa vir com o carro pra areia”, pontua Jatir, cujo equipamento de kite trouxe a pé pela praia depois de estacionar o carro antes das barracas. Conterrâneo de Proença, o administrador Leandro Ferrado, de 36 anos, ainda sugere: “Se os bugres cobrassem cinco pilas pra atravessarem os equipamentos da gente, o pessoal pagaria sem problemas. Evita os carros na areia e gera renda pra população daqui”.
Quem estava com o 4x4 na área arenosa dos surfistas era a família da farmacêutica Mirela Barreto. Duas crianças a tiracolo, reclama das pipas dos esportistas n’água, pelo risco de atingir as crias, mas não vê problemas em o marido dirigir sobre a areia depois de algumas cervejas, enquanto meninos dos outros correm soltos pela praia.
Feito a pequena do vendedor Henrique Dias, de 33 anos. “Venho pra essa praia porque é calma. Posso trazer minha filha e tomar banho com ela sem me preocupar. Não me incomodam os carros perto da lagoa. Mas o pessoal que bebe e vai de carro pra beira da praia é perigoso”, argumenta.
Fiscalização
O Departamento Estadual de Trânsito do Ceará, Detran-CE, é órgão responsável pela fiscalização de veículos em faixa de areia. Na manhã de ontem, não foram vistos e muitos carros transitam pela areia impunes. Conforme informações do gerente de fiscalização do Detran-CE, Pedro Forte, apenas oito equipes de fiscalização trabalharam fim de semana passado por conta da greve. Fortaleza foi privilegiada.
Janaína Brás – O Povo

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