O Brasil, beneficiado com gigantescos recursos fósseis e hidroelétricos, atravessa um boom da energia eólica, graças a seus menores preços de produção, somados aos incentivos do governo, que atraem a um número crescente de empresas estrangeiras.
O setor de energia eólica do país possui uma capacidade atual de 1.400 MW, e a projeção é de que esta cifra se multiplique por oito até 2014, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEeolica).
Um estudo do instituto de Investigação sobre Energia Emergente aponta que o Brasil, principal mercado de energia eólica da América Latina, terá 31,6 gigawatts (um gigawatt equivale a 1.000 MW) de capacidade instalada para 2025.
Um leilão energético organizado em agosto passado pelo governo, que detém 44 fazendas de vento no Brasil, ofereceu 39% da capacidade total, vendendo pela primeira vez um preço médio de 99,58 reais (62,91 dólares) por megawatt-hora, abaixo do preço médio dos projetos de gás (103,26 reais) e de um projeto hidroelétrico (102 reais).
Menores preços de produção, incentivos governamentais e a crescente demanda energética do Brasil têm atraído um número significativo de empresas estrangeiras.
A Wobben Windpower, subsidiário do grupo alemão Enercon, instalou a primeira fábrica de turbinas eólicas nos anos '90 e espera completar 22 fazendas de vento instaladas, responsáveis por um total de 554 MW, até o final de 2012.
A alemã foi seguida pela espanhola Gamesa, a argentina Impsa, a também alemã Siemens, a dinamarquesa Vestas - a maior fabricante de turbinas eólicas do mundo -, GE Wind (braço da GE Energy, subsidiária da americana General Electric) e da indiana Suzlon.
A última a somar-se ao grupo de investidores foi a gigante francesa da engenharia, Alstom, que na quarta-feira passada inaugurou uma planta de construção de turbinas eólicas na Bahía (nordeste), sua primeira na América Latina.
A planta, localizada no complexo industrial de Camaçari, próximo a Salvador, a capital da Bahia, terá uma capacidade de produção de 300 MW para atender aos mercados doméstico e de exportação.
A Alstom diz que sua ambição é alcançar no setor eólico sua atual cota de 40% no setor de hidroelétricas no Brasil.
"Não conseguiremos isso amanhã, mas entre 10 a 15 anos podemos conseguir. Somos muito ambiciosos neste setor (eólico), não só no Brasil, mas no resto da América Latina", disse à AFP, Philippe Delleur, presidente da unidade brasileira da Alstom, na cerimônia de inauguração.
"Esperamos que os preços se estabilizem em torno de cifras que correspondam à rentabilidade de nossos investimentos", disse.
Empresas nacionais como Desenvix, Dobreve, Renova e CPFL também estão ativas e, segundo fontes industriais, MPX, a divisão energética das empresas do multimilionário Eike Batista, também investirá grandes somas no setor de energia eólica.
O maior potencial está no nordeste do país, sobretudo nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará, devido às altas velocidades dos ventos e a baixa incidência de turbulências como tornados ou furacões.
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