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Forno de papel custa R$ 15 e prepara alimentos com ajuda do sol no CE


Forno cozinha qualquer alimento com a luz do Sol, diz professor

O professor de química e educador ambiental Lúcio Galvão percorre zonas rurais do sertão do Ceará ensinando a contruir um forno solar, capaz de cozinhar sem uso de lenha ou gás. O forno é feito de plástico, madeira, papelão e papel alumínio. De acordo com o professor, o custo para montar o equipamento fica em torno de R$ 15, mas o invento pode ser feito também com material encontrado em casa.

O fogão caseiro funciona usando o princípio do efeito estufa. A luz entra no forno por meio do plástico e fica retida interior na forma de calor, explica Galvão, professsor da Universidade Estadual do Ceará. “Ele faz todos os tipos de cozido, só não torra nem frita”, diz.
O tempo para cozinhar no forno solar é mais longo que no forno a gás ou a lenha. “Mas a pessoa vai ficar livre de ficar mexendo a panela. Enquanto a comida está cozinhando, dá para ler, fazer outra coisa e ter certeza de que a comida não vai queimar”, diz. O feijão, por exemplo, leva meia hora para ficar pronto usando uma panela de pressão, enquanto, que, no forno solar, são cerca de duas horas.

Morador da cidade de Tauá, interior do Ceará, José Glidenor diz que aprendeu a fazer o forno em um curso do professor Galvão e fez uma réplica em casa. “Como curioso, decidi fazer um. No começo duvidei de que funcionava, mas hoje faço bolo, arroz, batata e qualquer outra coisa”,diz.

Galvão sugere também cozinhar grãos – arroz, ervilha, feijão etc. – após deixar de molho na água ainda no dia anterior. “O grão vai ficar bem inchadinho e vai ficar um sabor melhor”, recomenda.
O professor que divulga o forno diz que é comum que as pessoas duvidem do funcionamento do equipamento, mas depois as pessoas ficam “admiradas” com o resultado. “Ele chega a uma temperatura de mais de 100º C”, afirma.

Vantagens do forno solar

Lúcio Galvão diz que o forno a lenha, comum na região dos Inhamuns, no Ceará, gera muito dióxido de carbono, apontado pelos cientistas como o principal causador do aquecimento em escala global. Ainda conforme o professor de química, o ambiente das cozinhas com fumaça exalada pelos fogões tradicionais causa irritação aos olhos e coriza.
Régis Noronha, aluno de química inorgânica de Lúcio Galvão na UECE, já desenvolveu experimentos com o forno. Noronha diz também que o forno solar pode desidratar tomate e banana e esterilizar água. “Em nove horas obtivemos tomate seco quando colocamos o tomate com a casca virada para baixo”, diz o aluno.

Divulgação do forno

O professor viaja por várias cidades do Ceará divulgando o uso do forno solar. Segundo Galvão, a maior dificuldade para que as pessoas desenvolvam o próprio fogão é por uma questão cultural. “As pessoas acham que comida exposta ao sol faz mal. Mas o que faz mal é o alimento exposto à temperatura ambiente. No forno solar, a temperatura passa dos 100º C, e não há micro-organismo patogênico que resista a essa temperatura.”

Ele também realiza oficinas em cidades do interior do Ceará e ensina a fazer o próprio forno. As oficinas duram dois dias. No primeiro, Galvão explica o funcionamento do equipamento; no segundo dia, as pessoas aprendem a fazer o próprio forno.

Ainda conforme o professor de química, o forno é capaz de cozinhar não apenas no Sertão cearense, onde a incidência solar é muito forte, mas em qualquer região, durante o dia. "O forno não precisa de calor, mas da luz. Ele pode ser usado em qualquer local, mas em algumas cidades o tempo para cozinhar pode ser um pouco mais longo."
G1|CE

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