Privatarias demo-tucanas de FHC prejudicam até hoje fundamentos da economia brasileira, diz Belluzzo
26/1/2012
Porto Alegre – O economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou que as privatizações realizadas nos anos noventa prejudicam até hoje fundamentos da economia brasileira, como a entrada e saída de divisas e a taxa de investimento.
Belluzzo participou de debate sobre o livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, nesta quarta (25), no Fórum Social Temático.
A respeito das contas externas do país, o economista lembrou que as contas externas apresentaram em 2011 um déficit de 52,6 bilhões de dólares, o equivalente a 2,12% do PIB, ante 30,3 bilhões no ano anterior. De acordo com o Banco Central, foi o maior resultado negativo desde que a série histórica foi iniciada, em 1947.
O buraco na conta corrente foi causado, entre outras razões, pelas remessas de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no país, que somaram 38,1 bilhões no ano passado. De acordo com Belluzzo, o déficit é impulsionado por empresas estrangeiras que compraram companhias públicas nas últimas décadas.
“Isso prejudica muito o balanço de pagamentos, porque toda vez que o dólar se valoriza elas mandam moeda embora”, explicou. O caso é mais grave em empresas do ramo de infra-estrutura, como energia elétrica, hoje parcialmente em mãos estrangeiras.
Essas companhias não geram regulamente dólares para o país, uma vez que não exportam, mas precisam comprar a moeda norte-americana para enviar seus lucros às matrizes.
O professor da Unicamp disse ainda que o Estado brasileiro, ao vender estatais, ainda reduziu a capacidade de investimento do país, uma vez que aquelas empresas eram historicamente responsáveis por boa parte dos gastos em infra-estrutura.
“A dinâmica da economia brasileira começava no Estado, que investia primeiro e depois trazia o setor privado para dentro. Perdemos isso e hoje nossa taxa de investimento, que era de 11% na ditadura, caiu para 2%”, afirmou.
Correio do Brasil
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