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Profetas fazem prognósticos para chuvas

14/01/2012
Profetas da chuva de diversas regiões do Ceará começam a chegar a este Município para mais um tradicional encontro no entorno do Açude do Cedro. Este ano eles não se reunirão mais no Clube do Agrônomo. Os organizadores escolheram o Parque de Exposições Valdir do Couto Dinelly para a reunião especial. O espaço, também situado à margem da via de acesso a mais antiga represa pública do Brasil, foi gentilmente cedido pela presidência da Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos do Estado do Ceará (Acocece). Fica situado a menos de um quilômetro do antigo local e possui melhor estrutura para recepcionar os visitantes.

Hoje à noite os profetas serão recepcionados por cantadores de viola, no VII Encanta Quixadá, um festival de repentistas, também criado pelo João Soares e Helder Cortez para exaltarem ao som das violas esses homens especializados em extrair dos sinais da natureza o diagnóstico do inverno sertanejo. Através de motes, dedicados a esses personagens populares, os cantadores são desafiados a compor sextilhas improvisadas sobre eles. O espetáculo, aberto ao público, tem início previsto para as 19 horas no Centro Cultural Rachel de Queiroz. Amanhã cedo seguem para o novo local do Encontro dos Profetas da Chuva.

Conforme o comerciante João Soares, idealizador do Encontro juntamente com engenheiro químico Helder Cortez, o novo local foi escolhido em razão da dificuldade de acesso dos mais idosos às dependências do Clube dos Agrônomos. Para chegar ao pátio é necessário passar por uma enorme escadaria. O prédio também está muito deteriorado. A proposta da mudança partiu do secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Quixadá, Carlos Vitorino Cavalcante, um dos muitos admiradores dos profetas da chuva.

Apesar da mudança, os participantes se sentirão à vontade, assegura João Soares. O local também é rodeado de frondosas mangueiras e dá vista para o Açude do Cedro e algumas cadeias de monólitos, incluindo a Pedra da Galinha Choca. Poderão apresentar suas previsões baseados no movimento dos pássaros, dos insetos e dos astros. Também serão respeitados os resultados dos estudos mais místicos como o da profetisa Lurdinha Leite. Ela utiliza a tábua de Santa Luzia. Nela, marcada com os meses do ano, coloca pequenas quantidades de sal a partir do dia dedicado à santa, 13 de dezembro.

A profetisa e alguns outros guardam suas previsões para o grande dia do Encontro. Todavia, muitos já anunciaram a certeza de bom inverno este ano. O agricultor Francisco Leite Filho, o Chico Leite, irmão da profetisa, foi um deles: “Tem bom inverno sim! O movimento das formigas de roça e as revoadas dos tetéus para construírem seus ninhos, em busca de lugares afastados da água, me dão essa certeza”, afirma. O odontologista Paulo Costa, o único do grupo com formação superior, é mais minucioso. Ele aponta inclusive chuvas espaças logo em janeiro.

Ventos e umidade

Além desses cientistas populares, outras pessoas que se debruçam sobre o tema são aguardadas. São estudiosos de universidades e pesquisadores independentes. Um deles, o oficial da Marinha Luiz Gonzaga Campos, que se identifica como “pesquisador da chuva”, também participará do encontro.

Campos, que possui uma “estação meteorológica” em Camocim, destaca que, para suas previsões, leva em conta três fatores: a temperatura dos oceanos, elementos do clima (umidade, pressão, temperatura e velocidade dos ventos) e indutores de chuva (como as frentes frias). Conforme o pesquisador, a temperatura atual do Oceano Pacífico indica que não haverá seca neste ano. Contudo, destaca, só será possível determinar se as chuvas serão dentro ou acima da média a partir do dia 21 de fevereiro.
Diário do Nordeste

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