18/03/2012
Reconhecimento do potencial do terminal vem se comprovando com a movimentação de cargas
Houve um processo lento até que o Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, fosse descoberto. Primeiro, pelo próprio Brasil. Depois, pelo mundo. Mas o reconhecimento do potencial do terminal portuário vem chegando, e se comprovando através dos números que mostram a movimentação de cargas por lá. Se em 2002, ano da inauguração (apesar de já vir operando comercialmente desde novembro do ano anterior), o porto movimentou 331,5 mil toneladas de carga, em 2011, esse volume saltou para 3,4 milhões, e com largas expectativas de expansão.
Hoje, de acordo com dados do Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o Porto do Pecém responde por quase 70% das exportações cearenses. Com a entrada do porto, o Estado pôde expandir seus negócios pelo mundo, chegando, este ano, a exportar para 104 países, o que representa um recorde histórico. Em 2003, um ano após a inauguração do porto, os produtos locais chegaram ao pico de 60 países.
Ponto estratégico
De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Roberto Smith, o reconhecimento do potencial do Porto do Pecém pode ter vindo tardiamente, mas agora a percepção do terminal como um ponto estratégico para o comércio exterior não só do Brasil, como para outros países, já vem sendo observada pelos investidores internacionais. "Eu tive uma grata satisfação de receber alguns meses atrás uma missão de empresários chineses. Eram três empresas, uma estatal e duas privadas, e um diretor dessa empresa portuária chinesa que acompanhava fez uma declaração que achei muito importante. Ele disse: ´olha, a gente, quando veio da China, antes estudamos toda a estrutura portuária do Brasil. E nós reputamos o Porto do Pecém um dos portos mais importantes do Brasil em termos de futuro, pela proximidade, pelo calado, pela forma de gestão, pelos custos mais baixos que ele tem e, sobretudo, pela capacidade, possibilidade de crescimento em se tratando de um porto off shore´".
Estas vantagens têm sido levadas em consideração por todos os empresários, daqui e de fora, na hora de pensarem em se instalar no Ceará, garante o presidente da Cearáportos, Erasmo Pitombeira. "O Pecém é altamente competitivo, em questão de geografia, de infraestrutura e de custos de operação", reforça. Segundo ele, o porto ainda deverá ganhar muita notoriedade, tanto com suas expansões, como pela própria conjuntura internacional, em especial com a abertura do Canal do panamá, na América Central, que mudará muitas rotas comerciais ao redor do mundo, favorecendo os portos nordestinos. E, além destes fatos, o presidente da Adece acrescenta ainda o próprio posicionamento econômico do Brasil no mundo. "Há um processo de visibilidade que é acompanhado pela favorabilidade da economia brasileira no panorama mundial. O Ceará faz parte de um ambiente brasileiro muito favorável a investimentos", diz.
Líder na exportação de frutas com custo menor
A intenção inicial era um porto voltado para as movimentações da siderúrgica e da refinaria. Chegou 2002, o terminal foi inaugurado, mas ainda não havia sequer previsão de obras para os dois empreendimentos.
O jeito foi adequar o Pecém à então realidade cearense, de economia pouco significativa. Assim, o porto foi se direcionando ao transporte de cargas em contêineres. Aos poucos, mesmo que sem planejamento, um setor foi se desenvolvendo e ganhando cada vez mais espaço nas exportações cearenses: a fruticultura.
Hoje, o Terminal Portuário do Pecém se tornou o líder no Brasil em exportação de frutas, sendo responsável por 45% do total vendido pelo Brasil aos mercados externos. E a fruticultura já é o terceiro principal setor na pauta de exportações cearenses, respondendo por 13,3% do total neste ano de 2012, que já aponta, nos dois primeiros meses, um crescimento de quase 30% sobre igual período de 2011. Somente entre janeiro e fevereiro, o setor rendeu cerca de R$ 15 milhões com exportações, segundo o Centro Internacional de Negócios (CIN), da Fiec.
Expansão
Daqui, saem melões, melancias, mangas, bananas e mamões, entre diversos outros, que chegam às gôndolas de mercados como os de Holanda, Grã Bretanha, Espanha e Estados Unidos, para ficar entre os principais exemplos. "A fruticultura cearense e nordestina antes saía por Natal e Suape. Então, o Porto do Pecém surgiu. E ágil e, por isso, mais barato. Tudo isso trouxe a produção do Piauí e do Vale do São Francisco, por exemplo. E fez com que novos empreendedores se preparassem para vir para cá", comenta o presidente da Cearáportos, Erasmo Pitombeira. "O Porto do Pecém contribui para jogar por terra aquela ideia de que o Ceará não tinha nenhuma possibilidade em relação ao agronegócio, porque está no Semiárido. A expansão da fruticultura motivada pela proximidade do porto, nos torna hoje os maiores exportadores de frutas do País, isso vai crescer muito mais", complementa o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Roberto Smith.
"O Estado tem pra expandir algo em torno de 120 a 140 mil hectares de terras irrigáveis, e que começa a ser um foco de atração também de investidores internacionais e do Sul do Brasil, e também de processamento industrial do agronegócio. Tem muitas coisas acontecendo, que vão revolucionar o setor", reforça.
REPÓRTER JOÃO MOURA – DIÁRIO DO NORDESTE
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