A chegada do porto holandês ao Porto do Pecém vai atrair empresas de diversos segmentos ao Estado
07/03/2018 | EVILÁZIO BEZERRA
O Pecém ainda engatinha no âmbito da movimentação de cargas.
Mesmo registrando mais 15 milhões de toneladas no ano passado, o número é pequeno se comparado com outros portos internacionais.
Para ter projeção no cenário mundial, o Ceará se associou a um parceiro com mais de 600 anos de expertise nos mares: o porto holandês de Roterdã.
Não se trata de um sistema de concessões ou privatizações, mas da troca de experiências a fim da implantação de grandes players no Complexo Portuário e Industrial do Pecém (Cipp) e novas rotas. Com Roterdã, a expectativa é que a movimentação de cargas dobre em até 20 anos. “A partir do momento que você se alia a um parceiro com credibilidade, como Roterdã, as relações ficam mais facilitadas”, destaca Danilo Serpa, presidente da Cipp S/A. Segundo ele, é esperada a assinatura da parceria entre a Cipp S/A e Roterdã ainda no primeiro semestre deste ano.
Outros portos poderiam ser parceiros do Cipp na empreitada? Sim.
Mas a movimentação de cargas e a quantidade de linhas que o porto holandês congrega são alguns dos diferenciais. São mais de 500 conexões de serviços e mais de mil portos que tem como destino Roterdã, entre terminais portuários dos Estados Unidos, Europa e Ásia. Em linhas intermodais na Europa, o porto holandês atende países como Alemanha, Áustria, Suíça, Reino Unido, Leste Europeu e Escandinávia.
Quais os trunfos para que o Pecém se destaque? A curta distância entre Fortaleza e São Gonçalo do Amarante é uma. O sistema logístico ganha, já que não há tráfego intenso de caminhões no perímetro urbano. Se estivesse encrustado na capital cearense, o custo e o tempo dobrariam. “A carga não tem problemas de entrada ou saída. Os principais portos do País, localizados em capitais, sofrem com o tráfego pesado. Isso dificulta a competitividade logística, enquanto o Porto do Pecém está próximo da capital”, avalia Danilo Serpa.
A ZPE Ceará, poligonal com regime diferenciado de tributação para empresas que desejam exportar, além da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e outras empresas na área do Cipp seriam “imãs” para o investidor estrangeiro.
“O Cipp é dotado de rodovias, energia e demais infraestruturas. A CSP, que exporta para mais de 18 países, está no rol das empresas-âncoras que atraem novos investimentos”, destaca Danilo Serpa.
Convergência
INTEGRAÇÃO COM O HUB DA AIR FRANCE-KLM/GOL
Os modais são diferentes, mas o processo de integração pode ser o ponto em comum entre o hub da Air France-KLM/Gol e o sonho de transformar Pecém num hub portuário. “As logísticas são diferentes, mas pode haver uma conexão. Boa parte das cargas que são refrigeradas no Pecém e que têm vida útil podem ser aproveitadas pelo sistema aéreo”, afirma Maia Júnior, titular da Secretaria de Planejamento e Gestão do Ceará (Seplag). Outros produtos também entrariam no rol de embarque, como é o caso das frutas.
Parceria firmada
A parceria entre os portos do Pecém e Roterdã deverá ser oficializada até o fim deste semestre, de acordo com o presidente da Cipp S/A, Danilo Serpa
MODERNIZAÇÃO
AMPLIAÇÃO DO COMPLEXO OBRAS
De acordo com a Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra), as obras da segunda expansão do porto estão em andamento com 88,4% de avanço total. Já foram entregues a correia transportadora de minério de ferro, em agosto de 2016, e dois berços (7 e 8) de atracação. O nono berço apresenta 65% da obra executada. Além disso, a nova ponte de acesso prevista também segue em construção, com 69% de avanço nos serviços. O prazo de conclusão da ampliação do porto é até o fim de 2018. PLACAS DE AÇO
Já em relação à CE-576, conhecida como Rodovia das Placas, que está atualmente com 67% de execução, faz parte do pacote de obras que visa atender a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
Conforme o Departamento Estadual de Rodovias (DER), ela é considerada essencial para o movimento de caminhões pesados que transportarão as placas de aço da siderúrgica até o porto.
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