Por Fernando Brito | 11 de Dezembro de 2021
A estátua da “vaca magra” posta hoje de manhã em frente à Bolsa de
Valores nem pegou o sol do meio-dia: veio logo a PM retirar.
Não foi rapidinho assim com o pujante touro dourado colocado por
empresários financeiros, outro dia. O “poderoso” ficou uma semana, até
decidirem que “era publicidade” e mandarem retirar.
Não era publicidade, era afronta.
A bovina esquálida também não era publicidade, era uma metáfora.
Metáforas, como se sabe, são perigosas, porque levam a pensar além da
vaca magra.
Numa tal de fome, talvez, que não existe se não é vista, mas é tanta que
teima em aparecer.
Na vaca, nos pés de galinha, nas carcaças de frango catadas no açougue
ou no caminhão, nos bois moribundos do Rio Grande do Norte retalhados para o
dicumê.
A vaca magra choca, por isso não é arte como aquelas, bem nutridas e
coloridas, que se espalhavam na tal Cow Parade que nos importaram para cá como
uma “intervenção inclusiva”, seja lá o que queriam dizer com isso.
As vacas gordas e os touro possante podem ser legais, desde que paguem
as taxas e emolumentos.
A magra só tem na cara e nas costelas a certidão de pobre.
Por isso, foi rapidamente retirada da rua.
Mas os pobres e famintos como ela, porém, continuam lá, sem que o Estado
cuide delas com a pressa com que a fome exige.
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