10 de Janeiro de 2022
São Gonçalo é o santo português que, sobretudo no Norte de Portugal,
goza da maior devoção, logo depois de Santo António de Lisboa. Na sua História
Eclesiástica de Portugal, o Padre Miguel de Oliveira diz apenas o seguinte: «S.
Gonçalo de Amarante que se supõe falecido a 10 de Janeiro de 1259; o seu culto
foi permitido pelo Papa Júlio III (24 de Abril de 1551) e confirmado por Pio IV
(1561); Clemente X estendeu o ofício e a Missa a toda a Ordem dominicana
(1671)».
Terá sido São Gonçalo uma invenção posta ao serviço de uma qualquer
ideia ou propósito, ou podemos perceber o percurso da sua devoção ou do seu culto?
O mais antigo documento que se refere a São Gonçalo, é um testamento de 18 de
Maio de 1279 em que uma tal Maria Johannis lega os seus bens à Igreja de São
Gonçalo de Amarante. Quer dizer, uns 20 anos depois da morte de São Gonçalo
existia uma igreja dita «de São Gonçalo de Amarante». E há outros documentos...
e escritos sobre a figura de São Gonçalo e o seu culto.
Na biografia oficial de São Gonçalo, apresentada como tal a partir do
Flos Sanctorum de 1513, não há dúvidas: Gonçalo, nasceu em Tagilde, estudou
rudimentos com um devoto sacerdote e frequentou depois a escola arqui-episcopal
de Braga. Ordenado sacerdote foi nomeado pároco de São Paio de Vizela. Depois
foi a Roma e Jerusalém; no seu regresso vendo-se desapossado do seu benefício
prosseguiu um caminho de busca interior já anteriormente encetado, depois foi a
experiência da vida eremítica, a pregação popular..., e logo caiu na ambiência
mendicante da época, após o que se faria dominicano...
As coisas não são assim tão lineares. De qualquer modo, tenha sido padre
diocesano, cónego de Santa Maria em Guimarães, beneditino ou dominicano, tenha
- quase por certo - passado de uma a outra condição, nenhuma destas hipóteses
esbate a riqueza e o vigor da sua figura.
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