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A Folha de S.Paulo e o ‘Bolsobrando’, vergonha que a tarja não esconde

 


A Folha publica hoje , em primeira página, um editorial histórico, no pior sentido, semelhante àquele em que chamou a ditadura brasileira de “ditabranda”, não importa que tenha sido um período de perseguições, exílios e assassinatos. O texto de hoje, aliás, bem poderia ter como título um Bolsobrando.

Diz que “é um acinte (…) que Lula mantenha a opacidade quanto a seus planos e nomes para a gestão da economia”, como se o ex-presidente tivesse de comparecer aos escritório da sua sede com a promessa de nomear alguém bem ao gosto da empresa e dando detalhes sobre cada norma e decreto que vá adotar, mesmo que, em economia, antecipar programas com este nível de especificidades seja, na prática, inviabilizá-los.

Aliás, de candidato algum, nem de Bolsonaro, exigiu-se algo semelhante, e é pior ainda que o faça com Lula, de quem tem como testemunho oito anos de governo e, mais ainda desta vez, a orientação moderada que sua campanha tem, a começar pela formação da chapa, a menos que ache que o seu ainda mais conhecido Geraldo Alckmin (16 anos governando o São Paulo da Folha) converteu-se ao maoísmo.

A arrogância, muito além de fugir à mínima racionalidade, acaba por confessar a cumplicidade que assume o jornal, espancado diariamente pelo presidente e testemunha privilegiada da volta do país ao mapa da fome e de uma “recuperação” feita à base de um rombo nas finanças públicas e de uma situação de preços rebaixados pela intervenção brutal nos preços dos combustíveis.

Tudo feito, aliás, sob o fedor de uma tentativa de compra de votos no atacado, como nunca na história da República.

O apoio a Bolsonaro, diz, está “longe de se limitar à minoria que partilha de teses autoritárias e delírios conspiratórios”, porque “a despeito de dificuldades, o panorama econômico, decisivo em qualquer eleição, não corresponde a um cenário de terra arrasada.”

Não?

Pergunte o Sr. Luís Frias, na linguagem dos “bacanas” publisher da Folha, se o insulfilm de seu carro, não repara na multidão de gente atirada nas calçadas, nem lê, em seu próprio jornal, as reportagem sobre os indicadores sócio-econômicos do país regredindo uma década?

Nem O Globo, que também experimenta, em editorial, tentativa de chantagem semelhante, vai tão longe na indulgência com Bolsonaro, mesmo no momento em que ele e seu círculo assumem abertamente que, vencedores, atropelarão as instituições e irão estender ao Judiciário sua dominação autoritária.

Não há, porém, diagnóstico melhor sobre a elite empresarial brasileira que o que estampa-se, na mesma Folha, no artigo de Janio de Freitas, que escreve sem temor, do alto de sua trajetória, cada vez mais antípoda à do jornal:

A pobreza mental e moral desse empresariado que age na política só por interesse direto, dominado por ganância e egoísmo patológicos, é responsável por grande parte das desgraças que assolam o país. A corrupção grossa começa por aí.
Lula governou por oito anos, encerrados há menos de 12, e saiu com 82% de aprovação ao seu governo. Não saber quais são as ideias e métodos, que o caracterizam como governante e como pessoa, só se explica por asnice insolúvel.
A exigência do nome já, e que saia da turma obcecada pelos cifrões privados, é só pretexto para apoiar Bolsonaro com o engodo de que o fazem por indefinição de Lula.

Os leitores do jornal, vê-se nas centenas de comentários que seus assinantes fazem, também acham. Ao menos que a Folha faça um “enxugamento” de seu velho slogan publicitário. De um jornal “de rabo preso com o leitor”, diga-se apenas “um jornal de rabo preso”.

É tão vergonhosa a posição da Folha que, a seu favor, só e pode dizer que há a sadia coincidência de que um encarde de um anúncio “da casa” serve para que, ao ser pendurado nas bancas de jornal, a sua exposição de vergonha saia, ao menos, “tarjada”.

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