Padre Reginaldo Guimarães Lima (*)
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eduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir.” Foi com esta oração Bíblica que nosso querido e amado Padre Josenir viveu alegre e apaixonadamente sua missão sacerdotal nesses 15 anos. Hoje, estamos aqui celebrando o Sacramento da vida em plenitude que Deus reserva para todos nós e através desta Santa Eucaristia, fazer nosso ato de gratidão a Deus por ter dado de presente a vida, a alegria e a disponibilidade desse irmão tão querido e amado por onde passou: Pindoretama, Tapera, São Gonçalo, Croatá e por último Alto Alegre.
“O Padre passa, os amigos permanecem”. Era com essas palavras que ele cativava e cuidava de todos aqueles e aquelas que a ele se achegavam. Com maestria e simplicidade revirava nossas vidas pelo avesso e nos ensinava um jeito extraordinariamente gostoso de amar a Deus acima de tudo e em todo lugar. Que o digam tantos jovens que hoje são Igreja viva porque aprenderam com ele a amar a Jesus da maneira mais simples possível.
Um dia, nosso Senhor Jesus Cristo pediu a São Francisco para que reconstruísse sua igreja. Como São Francisco, nosso querido Josenir assumiu como prioridade em sua vida sacerdotal construir ou reconstruir Igrejas, mas não só os Templos de pedras. Construiu e reconstruiu Igrejas vivas, homens e mulheres, crianças, jovens e adultos que aprenderam com ele o significado do trabalho em equipe, da preocupação com o outro e a importância da unidade numa sociedade egoísta e individualista.
“Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.” Jamais se ouviu nosso querido Josenir se vangloriando do que tinha feito ou estava fazendo. Por isso, nossa Arquidiocese de Fortaleza na pessoa de nossos Bispos e nós, Padres temos a obrigação de dizer em público: Obrigado Padre Josenir por tanto amor dedicado a esta Arquidiocese presente em cada comunidade por onde passaste.
Chamar para o trabalho em público, rezar, caminhar junto e perdoar sempre fizeram parte de sua essência. Seu amor incondicional pela pessoa humana era sempre sem medidas, mas sempre de forma discreta e generosa. Não há entre nós, que convivemos com ele, quem não tenha mudado algo através de suas palavras e testemunho de vida.
Suas fragilidades e limitações nem apareciam diante da grandeza de alma que possuía e da maneira como queria ver todos bem e de bem com a vida.
Soube como poucos tirar Jesus Cristo das páginas do Evangelho e colocá-lo no coração de tanta gente que o acompanhou.
Quando não foi entendido, quando não foi amado, mesmo quando caluniado, manteve o silêncio dos santos que tudo coloca nas mãos de Deus e continuava sua missão, pois tinha a convicção que estava somente ajudando a Deus Pai a implantar seu reino aqui na Terra, pelo amor, doação e generosidade.
Nunca soube o que era fazer algo ou amar alguém pela metade. Sempre foi o homem e o padre das paixões. Amava por inteiro e se doava por inteiro em tudo que empreendia. Aqui ele conseguia ser todo de Deus e Deus conseguia se fazer presente nele em cada abraço, em cada celebração, em cada homilia, em conselho, e até mesmo em cada chamada de atenção. Sempre defendeu nossa Igreja, sempre amou seus colegas de sacerdócio sem excluir ninguém.
Duas habilidades marcaram a vida missionária de Padre Josenir: Construir e reformar templos, criar e capacitar ministérios de músicas nas comunidades onde serviu. Nunca fez curso de arquitetura ou engenharia e sabia com maestria construir templos como poucos na nossa Igreja. Nunca estudou música (nem sabia cantar, pois era super desafinado) e, no entanto sempre formou, incentivou excelentes ministérios de músicas que mudaram o rumo das celebrações em todas as comunidades. Quantos jovens aprenderam a amar e ser de Jesus através da música. Obrigado Padre Josenir por ter ajudado nossa Igreja a ter esse rosto alegre vindo da música de tantos ministérios apoiados por você.
Por tudo isso é que agradeço a Deus nessa noite e que as sementes da libertação do seu assassinato possam trazer mais humanidade pra nossa Igreja, pra nossas pastorais e pra nossa sociedade. Ninguém morre quando se eterniza no coração de outra pessoa. Hoje estamos aqui para reafirmar nossa Fé na Ressurreição, mas também para expressar nossa gratidão pela vida desse grande homem, grande padre, grande pai, amigo e irmão.
Somos sabedores de sua autenticidade e amor pela justiça e isso só consegue ser quem é todo de Deus e você o foi. Mesmo quando não foi amado, mesmo quando foi injustiçado ou caluniado sempre lembrava que Deus é maior e vê tudo e isso lhe bastava para continuar tua missão de servir aqui na terra.
Agora cremos que estarás presente em nossos corações e do céu rezarás por nós para que continuemos aprendendo a amar a Deus e às pessoas como tu amaste.
Por tudo isso é que hoje percebo o quanto viveste aquela frase do dia de nossa ordenação sacerdotal em Pacatuba no dia 1° de julho de 1995: “Seduziste-me, Senhor e eu me deixei seduzir.”
Quem é grande sempre faz coisas grandes e torna grande quem encontra. Hoje o céu é mais céu porque tem em si você e outro grande homem de Deus que um dia acreditou em nós dois, acreditou em você dizendo que serias um grande padre para a arquidiocese de Fortaleza e esse grande homem foi nosso querido e também muito amado Dom Aluísio Lorscheider que nos ordenou Padres.
Nossa Igreja sempre foi marcada pelo amor ágape (amor de irmão, amor desinteressado) e Padre Josenir fazia isso com naturalidade. Enchia-se de alegria quando ajudava alguém e via a pessoa crescer com a oportunidade recebida. Nada o enchia tanto de felicidade quando via seus jovens progredindo na vida, amando a Deus e servindo á Igreja.
Obrigado por cada pessoa que aqui está e que se permitiu ser acolhido e amado por nosso Padre Josenir do jeito que ele era, pois nele sempre muito de Deus e um desejo permanente de fazer o bem e tornar a vida das pessoas bem mais feliz do que quando encontrou.
Nesse momento não nos despedimos, apenas dizemos um até logo, pois também ressuscitaremos e viveremos juntos novamente. Enquanto isso estarás vivo em cada atitude que deixaste quando conviveste conosco. Até breve nosso querido amigo Padre Josenir.
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